Reunião EUA/Rússia hoje em Genebra – ONU publicou relatório sobre a guerra na Síria
Abre-se hoje
uma janela de esperança em Genebra sobre a crise na Síria. Trata-se da reunião ao
mais alto nível entre os chefes das diplomacias russa e norte-americana, respetivamente
Sergei Lavrov e John Kerry. Em cima da mesa a proposta avançada por Moscovo de entregar
à comunidade internacional o arsenal químico da Síria. Serão dois dias de conversações
em que participará também o emissário da Liga Árabe e da ONU Lakhdar Brahimi.
Entretanto
no interior da Síria o conflito continua. O exército governamental entrou em Maaloula,
pequena cidade cristã que tinha sido conquistada pelos rebeldes nestes últimos dias.
Os soldados leais a Assad libertaram alguns mosteiros entre os quais aquele de Mar
Tekla. Contudo, a espiral inter-religiosa continua: na região de Homs foram assassinados
cerca de vinte civis só porque eram alawitas.
Na ONU uma comissão de inquérito
constituida por quatro juristas internacionais apresentou um relatório que se refere
a crimes acontecidos entre 15 de maio e 15 de julho últimos. Esta comissão concluiu
que de ambos os lados da guerra existe matéria suficiente que suportem a acusação
de crimes contra a humanidade. No elenco apresentado há de tudo: tortura, violações,
raptos e homicídios. A tudo isto pode-se juntar o recurso a crianças-soldado sobretudo
da parte das forças rebeldes. No que diz respeito ao recurso a armas químicas, que
está no centro do debate internacional, a comissão apenas se refere a “alegações que
se referem principalmente às forças governamentais”, e deixa claro que com base aos
atuais elementos não é possível proceder a quaisquer outras conclusões. Será uma outra
comissão a decidir a propósito dos alegados ataques com armas químicas ocorridos a
21 de agosto em Damasco. Este relatório foi elaborado com base em 2000 testemunhos
registados à distância com cidadãos sírios. O chefe desta comissão que é o brasileiro
Paulo Pinheiro concluiu que não existe solução militar para este conflito e só uma
solução política negociada poderá pôr fim à guerra. (RS)