2013-09-12 11:51:47

Card.Ravasi: “Carta do Papa a Scalfari do jornal “La Repubblica” é um manifesto do Átrio do Gentios”


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A carta do Papa Francisco ao jornalista Eugenio Scalfari do jornal “La Reppublica” é um autêntico manifesto do “Átrio dos Gentios” pois aborda a importância sobre o diálogo entre crentes e não crentes – isto é o que diz o Cardeal Gianfranco Ravasi Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura e promotor da iniciativa de diálogo com a laicidade “Átrio dos Gentios”. A Rádio Vaticano falou com ele. Eis aqui o seu comentário:
Acolhi com particular satisfação, até porque me parece que este texto possa tornar-se, em certo sentido, uma espécie de manifesto do Átrio dos Gentios, pelos conteúdos mas também pelo método do proprio diálogo. Há uma frase emblemática que temos vindo a testemunhar através dos encontros que foram feitos até agora: “O crente não é arrogante é humilde”. E, sobretudo, a apresentação da fé como luz e não como treva misteriosa que muitas vezes permite a acusação de obscurantismo. Penso que com esta luz, a carta do Papa seja também o maior patrocínio ao encontro do “Átrio dos Gentios” que faremos no dia 25 de setembro no Templo de Adriano em Roma, com um diálogo que terei precisamente com o Eugenio Scalfari.
O Papa Francisco declara também na sua carta que o diálogo com os não crentes não é um acessório na vida do crente, muito pelo contrário. A propósito desta afirmação do Santo Padre o Cardeal Ravasi afirma o seguinte:
É talvez esta declaração precisamente a mais forte, porque - como eu disse - é quase uma espécie de marca que é dada a esta instituição do Átrio dos Gentios, que já não é apenas para o interior deste dicastério, mas também no âmbito do diálogo da Igreja com o mundo contemporâneo. É, assim, um aval ulterior e solene, naquilo que foi o seu ponto de partida, juntamente com aquele que foi dado pelo Papa Bento XVI, que sempre apoiou com especial paixão este Átrio. Ora, Bento XVI “idealmente” passa, desta forma, o testemunho ao Papa Francisco que intuiu e centrou o espírito fundamental do Átrio dos Gentios.
Uma outra afirmação forte do Papa Francisco na carta enviada ao jornalista Scalfari é aquela que afirma que “para quem crê a verdade não é absoluta mas uma relação”... O Cardeal Ravasi explica:
A verdade, por sua natureza, precede-nos e excede-nos e nós somos peregrinos dela. Portanto, temos necessidade de uma relação com a verdade que nos circunda. Para o crente, evidentemente, é o divino e o transcendente. Para o não crente é precisamente este imenso horizonte no qual caminha. Já Platão afirmava que a biga da alma, a carruagem da alma, corre na planície da verdade, ou seja, a verdade não é uma realidade fria como uma pedra preciosa que se mete no bolso. É, pelo contrário, uma planície imensa, um horizonte – ou para uma outra imagem de um escritor do século passado – podemos dizer que a verdade é um mar no qual se entra e se navega. Assim, nesta luz creio que a expressão verdade não absoluta, mas pessoal, interpessoal, seja muito frutuosa para o diálogo, sem que para isto se perca a dimensão de objectividade, de identidade em si própria, típica da verdade.” (RS)















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