Centro Astalli - Papa apela à solidariedade e convida a dedicar conventos vazios ao
acolhimento dos refugiados
O Papa Francisco
chegou ao refeitório do Centro Astalli no horário em que todos os dias existe uma
fila de cerca de 400 pessoas que esperam para fazer uma refeição quente. O Santo Padre
saudou os refugiados e falou com alguns deles. Depois dirigiu-se à Igreja do Jesus,
onde se encontra o túmulo do Padre Pedro Arrupe que em 1981, fundou o Serviço dos
Jesuítas para os Refugiados. O Papa Francisco foi acolhido pelos refugiados assistidos
pelo Centro Astalli e ouviu alguns testemunhos. Agradecendo o acolhimento que lhe
fizeram disse-lhes que cada um deles “tem uma história que nos fala de dramas de guerra,
de conflitos, muitas vezes ligados às políticas internacionais. Mas cada um de vós
transporta consigo – sobretudo – uma riqueza humana e religiosa, uma riqueza a ser
acolhida, não para ter medo. Muitos de vós são muçulmanos e de outras religiões, vêm
de diversos países, de situações diferentes. Não devemos ter medo das diferenças.”
E proferiu a palavra certa… “Solidariedade, esta palavra que faz medo ao mundo
desenvolvido. Tentam não dizê-la. Solidariedade é quase um palavrão para eles. Mas
é a nossa palavra! Servir significa reconhecer e acolher os pedidos de justiça, de
esperança e tentar juntos os caminhos e os percursos concretos de libertação.” “O
acolhimento abre janelas para o futuro” - disse o Papa Francisco que ressaltou
“o quanto é bonito” que junto com os jesuítas existam homens e mulheres cristãos,
não-crentes e pessoas de outras religiões que trabalham pelo bem comum. “Para nós
cristãos isto é a expressão do amor do Pai em Cristo Jesus” – apontou ainda o Santo
Padre. O Papa resumiu então, em três palavras o programa de trabalho dos jesuítas
e dos seus colaboradores: servir, acompanhar e defender. E concretizou. Ao explicar
o significado da palavra servir, o Papa disse que significa acolher a pessoa que chega
com atenção, curvando-se sobre quem tem necessidade, estendendo-lhe a mão, sem cálculismos,
sem temor, com ternura e compreensão, como Jesus inclinou-se e lavou os pés dos apóstolos.
Acompanhar, segundo o Papa Francisco, significa não apenas dar o pão mas ajudar
a caminhar aquele que procura ajuda. “ A misericórdia verdadeira aquela que Deus nos
dá e nos ensina, pede a justiça, pede que o pobre encontre o caminho para não ser
como tal. Pede – e pede a nós Igreja, a nós cidade de Roma e às Instituições – que
ninguém deva mais ter necessidade de uma refeição, de um alojamento por sorte, de
um serviço de assistência legal, para ter reconhecido o próprio direito a viver e
a trabalhar e a ser pessoa em plenitude. Isto é integração” – referiu ainda o Santo
Padre. Quanto ao terceiro conceito – defender – o Papa Francisco considerou que
“é importante que o acolhimento do pobre, a promoção da justiça, não seja confiado
somente a ‘especialistas’, mas seja uma atenção de toda a pastoral, da formação dos
futuros sacerdotes e religiosos, do compromisso normal de todas as paróquias, movimentos
e agregações eclesiais. E neste particular dirigiu-se diretamente aos institutos religiosos: “Caríssimos
religiosos e religiosas, os conventos vazios não servem à Igreja para transformar-lhes
em albergues e ganhar algum dinheiro. Os conventos vazios não são nossos, são para
a carne de Cristo que são os refugiados. O Senhor chama a viver com maior coragem
e generosidade o acolhimento nas comunidades e conventos vazios. Certamente que não
algo de simples é preciso critério, responsabilidade e preciso também coragem”. O
convite do Santo Padre é o de “superar as tentações da mundanidade espiritual para
estarmos próximos dos últimos”. Temos necessidade de comunidades solidárias que vivam
o amor de modo concreto – afirmou o Papa Francisco. (RS)