Arcebispo Bruno Forte destaca amor ilimitado do Cardeal Martini à Igreja e ao Papa
Cidade do Vaticano (RV) - Em 31 de agosto de um ano atrás, na casa dos Jesuítas
em Gallarate, província de Varese – norte da Itália –, morria, aos 85 anos, o Cardeal
Carlo Maria Martini. Tendo entrado na Companhia de Jesus com apenas 17 anos, foi reitor
do Pontifício Instituto Bíblico e, depois, da Pontifícia Universidade Gregoriana.
Em
1979 João Paulo II o nomeara Arcebispo de Milão, de cuja arquidiocese esteve à frente
até 2002. Insigne biblista, entre as suas iniciativas mais importantes recordamos
a criação, na arquidiocese, da "Escola da Palavra", a fim de aproximar os leigos da
Sagrada Escritura mediante o método da Lectio divina.
A esse propósito,
a Rádio Vaticano ouviu o Arcebispo de Chieti-Vasto - centro da Itália –, Dom Bruno
Forte, que por mais de trinta anos foi amigo do Cardeal Martini:
Dom Bruno
Forte:- "Foi uma amizade que cresceu no tempo mediante a mesma liberdade, no
desejo que nos unia profundamente de servir a Cristo e à Igreja com grande dedicação.
Portanto, foi uma amizade verdadeira, na qual jamais aconteceu, de minha parte, dizer
algo ao cardeal somente para satisfazê-lo, porque bem sabia que, em tudo e sempre,
ele queria a verdade. Isso comportou também, por vezes, diversidade de pontos de vista,
mas na comum inclinação a esse serviço de amor a Cristo e à Igreja ao qual me referia.
Posso dizer que ganhei muitíssimo: de seu testemunho de fé, de conhecimento da Escritura,
de seu serviço de amor à Igreja. E posso testemunhar como amava, venerava o Sucessor
de Pedro, e como também esse seu desejo de uma reforma na Igreja fosse inspirado unicamente
por esse mesmo amor à Igreja e pelo desejo de colaborar com o ministério de Pedro,
a fim de que este pudesse expressar-se em toda a sua riqueza. Portanto, posso dizer
que o conheci bem, de modo a não ter nenhuma dúvida que tenha sido esse extraordinário
homem de Igreja: que quis servir à Igreja, que amou a Igreja, que amou o Papa."
RV:
Existem dois traços particularmente distintivos do Cardeal Martini: o seu amor pela
Palavra de Deus e por aqueles que se encontram distantes da fé. Como se conjugam esses
traços entre si?
Dom Bruno Forte:- "Parece-me muito simples colher
a ligação, se partirmos da atitude fundamental da reverência. Reverenciar Deus significa
estar sempre em Sua presença, ter a consciência de que Ele sempre nos olha, nos protege.
O Cardeal Martini teve esse profundo respeito a Deus, a toda criatura – toda criatura
humana em particular –, e esse respeito profundo se expressou justamente na atenção
à contribuição que cada um pode dar, à escuta dou outro. E, ao mesmo tempo, ao sincero,
humilde, convicto testemunho da própria identidade em relação ao outro." (RL)