La Paz (RV) – O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária do Episcopado
Boliviano, Padre Leonardo da Silva, afirmou que o país com o maior índice de atrasos
na administração de justiça na América Latina é a Bolívia, seguida do Peru. De acordo
com as estatísticas apresentadas por ele na revista ‘Voz da Pastoral Penitenciária’,
dos 14 mil e 272 presos, 83% estão em detenções preventivas. Ou seja, apenas 2.362
têm uma condenação.
O artigo do sacerdote despertou o interesse da opinião
pública ainda em choque pelo ataque na prisão de Palmasola, sexta-feira passada. A
situação acarretou a morte de 31 pessoas – entre as quais uma criança de 1 ano de
idade – e 63 ficaram feridas em uma guerra entre gangues. Paradoxalmente, 28 das vítimas
estavam na prisão aguardando o julgamento. O padre comenta que as detenções do país
estão em colapso devido à quantidade de pessoas ainda sem condenação, o que gera superlotação,
violência interna, lutas de poder e atrasos na justiça. Segundo ele, são resultados
de uma política e um sistema penitenciário ineficiente.
De acordo com o coordenador
da Pastoral Penitenciária do Episcopado, a negligência penitenciária é a causa de
todas as violações dos direitos humanos aos detentos na Bolívia e o detonador de tragédias
como a de Palmasola. Os presídios com mais deficiências são aquelas da região central
do país – ou seja, La Paz, Cochabamba e Santa Cruz – que estão superlotadas e sem
políticas de reintegração social. Em relação a isso, o padre enfatizou que uma transformação
estrutural penitenciária implica vontade política e recursos econômicos, que devem
ser iniciados por uma reforma no Código Penal e a despolitização do sistema penitenciário.
Foi
feita uma proposta pela Pastoral Penitenciária Boliviana para a classificação dos
sistemas carcerários, segundo os tipos de delito e a aplicação dos programas de crescimento
pessoal e reintegração social. Juntamente às instituições eclesiásticas, a Assembleia
dos Direitos Humanos e os Defensores do Povo, a ideia estaria a cargo das autoridades
municipais e nacionais. Por fim, o sacerdote boliviano fez um apelo aos operadores
do organismo judiciário e do Ministério Público para que acelerem os julgamentos dos
presos que esperam por julgamento. (NV)