Há 50 anos o discurso de Martin Luther King "I Have a Dream"
Ocorrem, neste
dia 28 de Agosto, os 50 anos do famoso discurso de Martin Luther King “I have a Dream”
(Eu tenho um sonho), o maior discurso do século XX, segundo ”The Times”. Foi por
ocasião da imponente Marcha em Washington a favor dos direitos civis nos Estados
Unidos. O evento será hoje recordado com uma importante cerimónia em que tomará parte
o Presidente Barak Obama, o primeiro Presidente negro do país. De salientar que há
50 anos a segregação racial era legal no Sul dos Estados Unidos da América.. Nesse
histórico discurso Martin Luther King lançou um premente apelo a fim de que fosse
construída uma sociedade justa em que as crianças de todas as raças pudessem viver
juntas em harmonia. “Chegou o momento de fazer da justiça uma realidade para todos
os filhos de Deus” – dissera ele à nação americana. Mas, passados 50 anos o que
é que mudou nas relações raciais nos EUA e no mundo em geral? O que significa celebrar
hoje os 50 anos daquela histórica marcha? Resposta do filósofo moçambicano, Severino
Elias Ngoenha...
O apelo de
Martin Luther King a um mundo mais justo foi recordado por também pelo actual arcebispo
de Washington, Cardeal Donald William Wurel, num artigo publicado na “National Catholic
Repórter” e retomado pelo jornal do Vaticano “L’Osservatore Romano”. A 50 anos
de distância este discurso continua vivo – escreve o cardeal, frisando que a imponente
estátua de Martin Luther King no memorial de Washington recorda a todos o seu imponente
empenho em guiar a nação americana à plena consciência da igualdade de todos os seres
humanos perante Deus. O seu sonho – continua o cardeal – profundamente enraizado na
oração e na Sagrada Escritura continua a encorajar-nos a vermo-nos todos como irmãs
e irmãs, filhos do mesmo Deus amoroso. O cardeal Wurel recorda ainda que por ocasião
daquele importante discurso de Martin Luther King no Lincoln Memorial em Washington
perante milhões de pessoas, estava também o seu predecessor Mons. Patrick O’Boyle
que viria a ser criado cardeal quatro anos depois. Muito antes de ser declarada ilegal
a segregação nas estruturas de educação, ele já tinha começado a trabalhar a favor
da integração racial nas paróquias e nas escolas católicas. Prestemos homenagem
a Martin Luther King e ao cardeal O’Boyle, continuando o seu trabalho – lê-se no artigo
do arcebispo de Washinton, segundo o qual este empenho implica hoje dar a oportunidade
de educação a todas as crianças, de modo particular aquelas que doutra forma seriam
destinadas a escolas muitas vezes classificadas como “escassas”.