Roma (RV) - “É inegável o uso de armas químicas na Síria”: é a afirmação do
Secretário de Estado estadunidense, John Kerry, embora especificando que o Presidente
Barack Obama ainda não decidiu sobre um possível ataque. O certo é que a Síria se
tornou a prioridade do governo de Washington, que, entretanto, adiou o esperado face
a face com a Rússia, marcado para esta terça-feira, 27, para discutir a convocação
da Conferência de Paz “Genebra 2”. Decepção foi expressa por Moscou. Nas últimas horas
resgistrou-se também um longo telefonema entre o Primeiro-ministro britânico Cameron
e o Presidente russo Putin, cada vez mais irritado com a possibilidade de um ataque
internacional contra Síria.
Para o Secretário de Estado estadunidense John
Kerry o ataque com gás sarin foi uma “obscenidade moral”, que “chocou a consciência
do mundo”. Palavras duras, que, unidas às da Casa Branca, para quem “não há dúvidas”
de que as armas químicas foram usadas pelo regime, dão uma mão para a hipótese de
uma intervenção militar na Síria. A escalada depende talvez também das provas recolhidas
nesta segunda-feira pelos inspetores da ONU no local dos bombardeios, definidas “de
grande valor”. O trabalho dos inspetores, no entanto, foi dificultado pelos franco-atiradores
que dispararam contra eles.
Sobre o episódio, como de costume, os dois lados
se acusam reciprocamente sobre a responsabilidade: para a mídia pró-governo tratou-se
de “terroristas” para os rebeldes, de militantes de Assad. Enquanto isso, emergem
muitos sinais de fermento no Ocidente. Nesta segunda-feira, de acordo com rumores
locais, na base militar britânica de Akrotiri, em Chipre, teriam sido registrados
movimentos que seriam preparativos para uma guerra.
Enquanto isso, Damasco
respondeu às palavras do Ocidente, que confirmou a sua responsabilidade no ataque
químico: “São acusações sem sentido; qualquer intervenção ocidental seria prejudicial
e improdutiva”. (SP)