Túnis (RV) – Milhares de pessoas lotaram a praça da capital da Tunísia no último
sábado, 24, manifestando em frente à Assembleia Nacional para pedir a demissão do
governo. A mobilização deu início à semana de protestos organizada pelos partidos
de oposição, reunidos na Frente de Salvação Nacional – segundo os quais o governo
atual, liderado pelo partido islâmico Ennahda, não é capaz de garantir a segurança
e estabilidade econômica no país.
A oposição pede que o executivo seja substituído
por um gabinete técnico que organize novas eleições. “Os colocamos à prova, falharam,
agora devem ir embora”, gritavam os manifestantes. A mobilização da noite de domingo,
25, iniciou-se com uma interpretação do hino nacional cantado por dezenas de membros
da oposição eleitos na Assembleia Nacional, mas que congelaram a própria participação
nas atividades parlamentares em protesto contra o governo.
Diversas medidas
de segurança foram adotadas por parte da polícia, que verificou as bolsas dos participantes
durante a ação. Não houve confrontos nem gás lacrimogêneo, como em outras recentes
manifestações. Na última quinta-feira, o partido no poder anunciou ter aceitado a
proposta de formar um executivo técnico, mas apenas depois de novas negociações.
Os
opositores condenaram o posicionamento do partido islâmico, alegando tratar-se de
uma tática de protelação. Karima Souid, membro do partido Al-Massar de centro-esquerda,
comentou que “a oposição está determinada a negar qualquer negociação antes que o
governo seja desfeito. Apelamos por um governo de segurança pública, que gere os assuntos
do país e que leve as eleições a serem livres e justas, sem medo”.
A Tunísia
foi o cenário da Primavera árabe, em janeiro de 2011. As revoltas no país acarretaram
à queda de Zine El Abidine Bem Ali e a uma significativa transição política. Nos últimos
meses a crise reacendeu, especialmente depois dos homicídios dos líderes de oposição
Chokry Belaid, morto em fevereiro e Mohammed Brahmi, assassinado em julho. (NV)