Na Malásia, uso do termo “Alá” aos cristãos finalmente em recurso de apelação
Kuala Lumpur (RV) – A controvérsia judiciária acerca do uso do termo “Alá”
nas publicações cristãs será examinada no recurso de apelação em audiência, no próximo
10 de setembro. Segundo a Agência Fides, este é o resultado da decisão do Tribunal
de Apelação de Putrajaya, que validou o recurso apresentado pelo governo malaio. O
apelo do governo era contra um veredicto emitido em dezembro de 2009, que autorizou
aos cristãos o uso da palavra “Alá” em suas publicações de língua malaia.
Cerca
de três anos da sentença, a questão permanecia em aberto – ou seja, sem audiência.
A Igreja Católica, através de seu representante, Dom Murphy Pakiam, Arcebispo de Kuala
Lumpur, solicitou a anulação do pedido apresentado pelo governo. Agora, a validação
da parte do Tribunal abre uma estrada para nova avaliação jurídica da questão que,
segundo a Igreja Católica malaia, diz respeito aos direitos e à liberdade religiosa.
O
processo terá, em lados opostos, o Arcebispo de Kuala Lumpur – na qualidade de responsável
pelo jornal católico semanal The Herald – e o governo da Malásia. Padre Lawrence
Andrew, diretor do The Herald, declarou que “a Igreja nunca quis fazer um caso
político, nem um motivo de conflito religioso”. No entanto, ativistas de Perkasa,
organização nacional muçulmana, já manifestaram publicamente suas tentativas de influência
sobre os juízes. O secretário geral do grupo, Syed Hassan Syed Ali, elevou o tom ao
pedir “a união de todos os muçulmanos da Malásia pela causa de Alá”.
Desse
modo, “aumentou a tensão religiosa, gerando medo e confusão entre os fiéis muçulmanos,
afirmando que a Igreja ameaça a santidade do Islã”, comenta padre Andrew. Ele ainda
enfatizou que a Igreja “convida as autoridades competentes a tomar as medidas cabíveis
àqueles que criam instabilidade e inquietude, explorando a questão que circunda o
uso da palavra Alá”. O Primeiro-Ministro, Najib Razak, tentou tranquilizar a opinião
pública há alguns dias, dizendo que “a Malásia não se tornou um estado islâmico-ortodoxo,
é importante entender a sensibilidade religiosa de todos”.
O caso veio à tona
em 2008 quando o Ministro do Interior ameaçou revogar ao jornal The Herald
o uso do termo “Alá” em suas publicações, sendo que a palavra é a única referente
a “Deus” no idioma local. O fato levou a Igreja Católica a iniciar um procedimento
judiciário. Em 2009, o veredicto do Tribunal deu razão à Igreja e o governo apresentou
a proposta contra que, até o momento, estava em suspenso. (NV)