"Gestos do Papa são um estímulo, um convite para seguirmos o exemplo", diz jesuíta
responsável pelo centro de refugiados que será visitado por Francisco
Cidade do Vaticano (RV) - “O Papa foi convidado e respondeu pessoalmente que
viria. Agora, tudo isto se realiza”. Foi o que afirmou o Padre Giovanni La Manna,
Presidente do Centro Astalli, em relação à visita que o Papa Francisco fará no próximo
dia 10 de setembro, às 15h30min, a este centro de acolhida de refugiados, administrado
pelos jesuítas no coração de Roma. O Sacerdote falou com a Rádio Vaticano sobre o
significado desta visita:
R: “É um ulterior sinal de uma continuidade na
proximidade às pessoas que são obrigadas a deixar a própria terra por causa das guerras
e perseguições; é uma continuidade cotidiana feita por gestos simples, concretos,
que são um estímulo, um convite a todos nós, para seguirmos o exemplo”.
RV:
O Papa insiste muito na ‘proximidade’: também o gesto de ir fisicamente aos locais
tem uma importância particular…
R: “Eu diria, é disponibilidade de ir o
encontro. O Papa fala de globalização da indiferença: bem, nós não podemos fingir
que não sabemos disto. Com coragem, o Papa nos convida a sair de nós mesmos. Do encontro
com o outro nasce algo que é positivo para todos. Se subtrairmos perdemos o sentido
de fazer parte de uma única comunidade. É um grande incentivo para nós, como Igreja.
O Papa foi claro: ‘Precisamos de testemunhas e não de mestres’”.
RV: Mais
ou menos, que realidade o Papa irá encontrar? Quantos refugiados? E que tipo de serviço?
Como vocês pensam em apresentar esta estrutura ao Papa?
R: “O Papa poderá
encontrar os refugiados que chegam a Roma, e são tantos. São pessoas que têm necessidade
de comer, de tomar banho, de poder encontrar um médico, receber um medicamento, assistência
legal e social...Em média, recebemos diariamente 450 pessoas para o almoço, que não
é o número efetivo, porque mulheres, crianças, pessoas com problemas não fazem fila”.
RV:
Mais ou menos, quais são as suas nacionalidades
R: “Primordialmente, neste
momento, vem da África com um incremento de egípcios e de sírios, sobretudo núcleos
familiares que fogem: os sírios da guerra e os egípcios de religião copta que tem
problemas neste momento no Egito procuram salvar-se chegando à Itália, e passam por
Roma”.
RV: Tendo em vista estes fluxos migratórios que tem mudado de rota
nestes dias - agora estão dirigindo-se à costa leste da Sicília. Chegam tantos refugiados,
e são sírios - o que o senhor acha?
R: “Os últimos exemplos de mudança de
rota e de modalidade de chegada demonstram que os traficantes continuam a ganhar em
cima destas pessoas em dificuldade, com a nossa cumplicidade”.
RV: Retornando
a vocês, ao Centro Astalli: imagino que o senhor esteja feliz neste dia, mesmo que
será um dia bem empenhativo…
R: “Eu estou muito contente que o Bispo de
Roma, o Vigário de Cristo, realize o seu encontro com os refugiados do Centro Astalli.
Para mim é a escola que me mantém vivo, me ensina a reconhecer Cristo, a entender
o que é verdadeiramente importante na vida e sobretudo em reconhecer uma coisa que
não aparece nos nossos balanços, que é a Providência de Deus que se concretiza ali,
onde não estamos preocupados em obter algum lucro, mas onde se é capaz de partilhar
antes de tudo aquilo que se é, e depois aquilo que se tem”. (JE)