Bispos da Nova Zelândia lançam proposta para Constituição no país
Wellington (RV) – “Estamos comprometidos com uma cultura nacional saudável
através do respeito pela dignidade inata da pessoa e da proteção à vida”. É o que
aborda a Conferência Episcopal da Nova Zelândia, submetendo sua proposta inicial à
Constituição do país. Tendo em vista que ainda atua sob a coroa britânica – que nomeia
um governador geral – o país não conta com uma formal Constituição escrita, mas apenas
um 'corpus' de documentos administrativos e atos jurídicos que fundamenta a direção
do governo.
Na tentativa de recuperar a situação, foi criado um Comitê Consultivo
Nacional, composto por doze membros nomeados em agosto do ano passado. O que deve
– até o final de 2013 – recolher propostas e sugestões de todos os setores da sociedade
e apresentá-las ao governo, para que seja providenciada a elaboração de uma nova Constituição.
Por
isso, a Conferência Episcopal elaborou um preâmbulo, assinado por seu Presidente,
Arcebispo John Dew, que sugere alguns pontos fundamentais a serem inseridos na nova
Carta Fundamental. Entre estes, destaca-se o reconhecimento dos direitos dos Maoris
como “povo nativo do país”, a promoção do bem comum, a defesa da união nacional e
a proteção pela liberdade – não como uma procura exclusiva e egoísta de uma gratificação
pessoal, mas como respeito aos direitos e aos deveres recíprocos.
Os bispos
sugerem que, no documento, seja explícito “o comprometimento com a justiça, a paz,
a verdade e a reconciliação”. Ainda pedem que os governos que se revezam no poder
tenham “o direito e o dever de criar condições sociais e econômicas adequadas para
permitir que os cidadãos determinem seus próprios destinos e contribuam com a sociedade”,
enfatizando “também os menos qualificados”.
Outros princípios reafirmados pelos
bispos neozelandeses são o respeito pela opinião dos outros e o diálogo, porque “não
há nenhuma circunstância que justifique o ódio ocasionado pela diversidade do ponto
de vista”. Ainda, a Igreja neozelandesa invoca “o exercício responsável da liberdade,
a experiência da solidariedade, a criação da igualdade de oportunidades, a prática
do perdão e da compaixão nas relações pessoais e no âmbito econômico e a preservação
da Criação”.
Por fim, destaca-se fortemente a necessidade de proteção da pessoa
humana na sua dignidade e seu direito à vida, “independente de suas ações, origens
e crenças”. O preâmbulo à Constituição, proposto pela Conferência Episcopal, conclui-se
com um provérbio em língua Maori, que diz: “Qual é a coisa mais importante do mundo?
As pessoas, as pessoas, as pessoas”. (NV)