Egipto - mais de 500 mortos num país em estado de emergência. Irmandade Muçulmana
promete mais manifestações
A Irmandade muçulmana prometeu para os próximos dias mais manifestações. O exército
está autorizado a disparar sobre "manifestantes violentos", anunciou o Ministério
do Interior egípcio, enquanto chega a 578 um novo balanço oficial sobre a violenta
acção das forças da autoridade na quarta-feira para desocupar as duas praças que tinham
sido tomadas por acampamentos da Irmandade Muçulmana, que protestavam contra o golpe
que depôs o Presidente Morsi. O Conselho de Segurança da ONU apelou a todas as partes
no Egito na noite de quinta-feira para que acabem com a violência e exerçam o máximo
controlo. Recordemos que tudo começou quando os manifestantes se instalaram em protesto
em várias praças no Cairo. Após várias semanas as forças militares e policiais reprimiram
manifestantes que exigem a recondução do presidente deposto Mohamed Mursi. A investida
das forças de segurança egípcias na manhã de dia 14 de Agosto contra os apoiantes
de Mohamed Morsi, o Presidente islamista deposto em Julho pelo Exército, desencadeou
uma onda de violência que está a manchar de sangue todo o país. Além do Cairo, onde
segundo as mais recentes informações mais de uma centena de pessoas foram mortas nas
últimas horas, há notícias de confrontos em Alexandria e em várias cidades do Delta
do Nilo. O estado de emergência foi decretado em todo o país e o recolher obrigatório
foi anunciado para o Cairo e 11 províncias. A situação em várias zonas da capital
egípcia é descrita como caótica e as restrições impostas pelos militares impedem os
jornalistas de confirmar muitas das informações postas a circular por ambos os lados
– a Irmandade Muçulmana, movimento islamista de que Morsi era dirigente, diz que a
polícia matou mais de dois mil manifestantes; o governo interino (tutelado pelos militares)
confirma apenas 56 vítimas em todo o país, incluindo vários polícias. Segundo a
edição on line do jornal Público a violência alastrou a outras partes da capital depois
de a Irmandade Muçulmana ter apelado aos seus apoiantes que saíssem à rua contra esta
“tentativa de esmagar de uma forma sangrenta toda a voz que se opõe ao golpe de Estado
militar”. A BBC noticiou que os islamistas estão a concentrar-se na praça Mostafa
Mahmoud, e a Reuters divulgou imagens do momento em que um veículo da polícia era
atirado abaixo de uma viaduto em Nasr City, nos arredores da praça Rabaa al-Adawiya. A
Irmandade Muçulmana rejeitou todos os ultimatos do Exército, assegurando que só parará
os protestos quando Morsi, detido há mais de um mês, regressar ao poder. O Governo
interino descarta tal possibilidade e assegura que só negociará com os islamistas
quando estes desistirem dos protestos nas ruas. Enquanto isso, o Nobel da Paz Mohamed
ElBaradei, que participava no governo interino pós derrube do Presidente Mohamed Morsi,
apresentou a sua demissão. Um dos vice presidentes do executivo, ElBaradei disse que
não podia conitnuar e ser assim "responsável por um banho de sangue".