Cidade do Vaticano (RV) – Jesus disse: “Eu vos
deixo a paz, eu vos dou a minha paz”. Ele nos deixou a sua paz para que todos nós
a promovêssemos e, assim, transformássemos o nosso mundo em um mundo de alegria e
amor. Estas palavras, ditas dois mil anos atrás e que percorreram os séculos são,
mais do que nunca, de grandíssima atualidade. Paz, três letras, que indicam a necessidade
de percorrer um caminho muitas vezes difícil e íngreme, de renúncias. Paz é muito
mais do que escapar de conflitos, de guerras, é o caminho para garantir a dignidade
da pessoa, através de ações básicas, como educação, saúde e moradia; em síntese, desenvolvimento
integral da pessoa. Disso, deriva toda a consciência do respeito pelo meio ambiente,
pela terra, pela vida. Paz é criar uma atmosfera onde se respire a harmonia da família
humana, da comunidade, recordando que a base de tudo é o amor, pois onde há amor,
ali impera a paz, ali reina a fraternidade.
É precisamente dedicada à fraternidade,
- com o tema “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz” -, a mensagem do Papa
Francisco para o 47º Dia Mundial da Paz, que será celebrado no próximo dia 1º de janeiro
de 2014. Recordamos que o Dia Mundial da Paz foi instituído pelo Servo de Deus, Papa
Paulo VI.
Em mensagem, enviada às Igrejas de todo o mundo, os Pontífices sempre
chamaram a atenção para o valor essencial da paz e a necessidade de se trabalhar incansavelmente
para consegui-la. Para o próximo Dia Mundial, o Papa Francisco, que não se cansa de
repetir – disse isso agora durante a JMJ no Rio –, volta a sublinhar a importância
de superar a ‘cultura do descarte’ e promover a ‘cultura do encontro’, para caminhar
em direção a uma sociedade mais justa e pacífica.
Vivemos em um mundo que apresenta
cada vez mais dramas que atingem a família, como a pobreza, a fome, o subdesenvolvimento,
os conflitos, a migração, a poluição, a desigualdade, a injustiça, o crime organizado,
os fundamentalismos: temos na fraternidade - lê-se em um comunicado da Sala de Imprensa
da Santa Sé – “a base e o caminho para a paz”.
A cultura do bem-estar leva
à perda do senso de responsabilidade e de relacionamento fraterno. Os outros, em vez
de nossos semelhantes, são vistos como antagonistas ou inimigos, muitas vezes ‘coisificados’.
Não é incomum que os pobres e necessitados sejam considerados como um ‘fardo’, um
impedimento para o desenvolvimento. “No máximo, - diz ainda o texto -, são objeto
de ajuda assistencialista. Não são vistos como irmãos, chamados a compartilhar os
dons da criação, os bens do progresso e da cultura, a participar da mesma mesa da
vida em plenitude, a ser protagonistas do desenvolvimento integral e inclusivo”.
A
fraternidade é um dom, mas ao mesmo tempo é um compromisso com a solidariedade contra
a desigualdade e a pobreza. Neste mundo muitas vezes difícil de ser entendido onde
o ser humano é usado como objeto, sem ser sujeito, a fraternidade é somente uma palavra
a ser usada em campanhas, e quase nunca atuada concretamente. O Papa Francisco reafirma
então que no mundo atual não pode faltar o bem da fraternidade, que vence a “globalização
da indiferença”.
Francisco pediu e pede a construção de “pontes de fraternidade”
com todos os homens.
Assim, o Sucessor de Pedro volta a tocar a sensibilidade
dos homens e mulheres de boa vontade, propondo uma profunda reflexão sobre a dimensão
de nossas vidas, da nossa cotidianidade, dos nossos relacionamentos, indicando a todos
no caminho da fraternidade, do diálogo e do amor, a senda para se conseguir a paz,
em um mundo que muitas vezes perde o seu rosto humano e feliz. (Silvonei José)