Cidade do Vaticano (RV) - A resposta ao relativismo moral, o relacionamento
entre liberdade humana e lei divina, o valor da consciência diante de Deus. São alguns
dos pontos cardeais sobre os quais João Paulo II baseou a sua Veritatis Splendor,
que foi promulgada no dia 6 de agosto de 20 anos atrás. Um texto que afirma que as
verdades absolutas são acessíveis a todos e, portanto, atualíssimo em um contexto
cultural que frequentemente evidencia o contrário.
Falando à Rádio Vaticano
o teólogo, Padre Nicola Bux, consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, disse
que a Veritatis Splendor constitui uma pedra fundamental no campo da teologia moral
católica e não só católica. Por sua vez, - afirma ainda -, as palavras “Veritatis
Splendor” estão ligadas à Transfiguração, querendo sublinhar que a verdade não é um
conceito abstrato, mas sim uma Pessoa, uma Pessoa que resplandece: Jesus Cristo.
Falando
ainda sobre a estrada percorrida nestes 20 anos pela Encíclica sublinhou que em certo
sentido, marcou a passagem de um “moralismo” para uma “moralidade”. O moralismo é
algo que se apóia no nosso esforço, a moralidade, ao invés, é o resultado de um “ir
à fonte”. Por isso, - continua -, no que se refere ao cristão, há sempre a tentação
do moralismo, isto é, de fazermos por conta própria, enquanto, ao invés, nós somos
feitos; somos feitos morais. É preciso dizer que a moralidade cristã tem a sua fonte
nos Sacramentos, isto é, são os Sacramentos que mudam o homem, não o seu esforço de
mudar.
Um dos temas principais da Encíclica é a resposta ao relativismo moral,
uma luta em sentido amplo levada avantes nos últimos anos, em particular por Bento
XVI. Há porém, em nível sócio-cultural uma surdez persistente, hoje, sobre esse assunto.
Sobre isso, Padre Bux sublinhou que hoje há até mesmo uma surdez ainda maior, porque
certamente a Encíclica foi profética, como também foi a Humanae Vitae de Paulo VI,
porque profeticamente significa viu, que advertiu.
Portanto, mais uma vez o
Papado se revela como a “sentinela” sobre a qual fala Gregório Magno, que adverte
sobre o que está para acontecer no futuro. Certamente, vivemos hoje o que está sendo
definido um gravíssimo desastre antropológico que, com o passar do tempo, mostra cada
vez mais seus efeitos deletérios que se ampliam. (SP)