R. D. do Congo: com ceticismo, acolhida proposta da ONU
Kinshasa (RV) - A população congolesa acolheu com ceticismo a proposta da Missão
da ONU para a estabilização do Congo (MONUSCO), de estabelecer uma zona de segurança
em volta de Goma, capital do Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo.
No último dia 2 de agosto, a população de Goma manifestou o seu desapontamento em
relação à MONUSCO, saindo às ruas da cidade. A objeção principal à decisão da ONU
diz respeito à extensão da zona de segurança.
Segundo os planos da ONU, esta
área vai de Goma a Sake, deixando descobertas as áreas mais atingidas pelas violências
dos guerrilheiros do movimento M23 e dos outros grupos armados que infestam a província.
Os manifestantes, a maior parte dos quais jovens, querem que a zona de segurança seja
estendida em especial a Rutshuru. “É ali que se encontram os rebeldes”, afirmam os
manifestantes.
Segundo a população de Goma, a MONUSCO e a Brigada especial
de intervenção da ONU apenas protegem a área que se tornou livre da presença dos rebeldes,
ofensiva feita pelas forças armadas congolesas. Os críticos suspeitam que desta forma,
as Nações Unidas congelariam a situação no terreno, impedindo novas ofensivas dos
militares congoleses contra os grupos rebeles.
Segundo o jornal congolês “Le
Potentiel”, “a população considera aberrante o fato de que a Brigada especial de intervenção
da ONU concentre a sua ação somente nas áreas ocupadas pelas Forças Armadas da RDC
(FARDC), quando a resolução de 2008 que estabelece o seu mandato, lhe dá o poder de
neutralizar as forças negativas que atuam no leste da RDC, dentre as quais o M23”.
Numa declaração de 1°agosto, a Coordenação da sociedade civil do Norte Kivu
lançou um ultimatum de uma semana para a Brigada de intervenção, para que ataque os
rebeldes. “Caso contrário pediremos ao povo para afastar-se dela e realizar ações
de grande alcance para forçá-la a agir ou ir embora", afirma o comunicado. (SP)