Após discurso ao Papa, jovem brasileiro ganha coluna em jornal
Cidade do Vaticano (RV) - Walmyr Junior, o historiador que saudou o Papa durante
o encontro do Pontífice com a sociedade civil no Teatro Municipal do Rio de Janeiro,
é o novo colunista de um dos principais quotidianos do país, o Jornal do Brasil.
O
discurso de Junior, órfão crescido na favela que, depois de conhecer o atroz mundo
das drogas, conseguiu vencer a guerra contra os vícios e se formar na Pontificia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, foi transformador.
“Sempre presenciei, no local
onde moro, - disse Junior em seu discurso ao Papa - o tráfico de drogas utilizando-se
da juventude como mão de obra barata. Quando usei drogas pela primeira vez senti na
minha pele as dores da juventude marginalizada pela dependência química. Superei essa
fragilidade quando recebi o incentivo da minha paróquia a fazer uma experiência de
voluntariado na comunidade paroquial. Desde então decidi reescrever minha história”.
Todavia,
este não é o único laço de Junior com a Igreja: ele também faz parte da Pastoral da
Juventude da Arquidiocese do Rio. E agora parece que Walmyr Junior terá a oportunidade
de não só reescrever a própria trajetória, mas também escrever tantas novas histórias
com a cara da juventude. A sua coluna será publicada todas as segundas e sextas-feiras.
A Rádio Vaticano entrevistou Junior por telefone, direto do Rio de Janeiro.
Rádio Vaticano:
Acredita que o convite para escrever a coluna seja um reconhecimento pessoal?
Walmyr
Junior: Não acredito. O objetivo é dar voz à juventude. Então, foi sim um reconhecimento,
mas de um trabalho comunitário que vem sendo feito num contexto no qual se encontram
diversas pessoas que trabalham para a juventude, do qual eu também faço parte.
RV:
De que forma a experiência da JMJ vai te ajudar a escrever as próximas colunas?
WJ:
Este espaço poderá representar o rosto da juventude. Este rosto pleno de diversidade,
dinâmico, que é negro, é branco, é índio, é amarelo. Este, então, é o rosto da juventude
que está nas periferias, nas favelas, mas que também está na Zona Sul. Toda essa diversidade
acredito que proporcionará o alimento para a coluna.
RV: Está pronto
para assumir as responsabilidades de escrever em um grande jornal?
WJ: Estou
aprendendo a ter essas responsabilidades maiores. Principalmente depois que pude cumprimentar
o Papa. Acredito que não exista uma responsabilidade maior do que essa. Penso ainda
que escrever para um jornal de grande circulação e que ainda tem um site que pode
ser acessado de qualquer lugar é, de fato, uma grande responsabilidade. Mas responsabilidade
ainda maior tive quando representei a sociedade civil diante do Papa. Todas são novas
experiências e novos desafios que agora começam a entrar na minha vida.
RV:
Acredita que com o espaço pode mudar qualquer coisa nas pessoas, seja no pensamento
ou em ações práticas?
WJ: Não creio que seja a minha voz aquela da mudança
social e não acredito que a coluna poderá mudar realidades sociais. Poderá sim, ser
um catalizador para essa mudança de conjectura. Esta possibilidade que a juventude
tem de falar é também uma possibilidade para uma transformação social que é coletiva,
e não individual.