Ter Cristo e a Igreja sempre no centro da propria vida - Papa Francisco aos jesuítas
no dia festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus
Por ocasião da festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, e
que se celebra liturgicamente no dia 31 de Julho, o Papa Francisco celebrou na manhã
desta quarta-feira, com os Jesuítas, seus amigos e colaboradores, a santa Missa na
Igreja del Gesù, em Roma. Foi uma Missa celebrada em forma privada, como aquelas na
Capela da Casa Santa Marta. Com o Papa concelebraram, o Secretário da Congregação
para a Doutrina da Fé, D. Luís Ladária, o Superior Geral da Companhia de Jesus, P.
Adolfo Nicolas, membros do Conselho geral dos Jesuitas, e mais de duzentos padres
jesuítas…
Na homilia
o Papa submeteu aos seus confrades três pontos de reflexão: antes de mais, partindo
do emblema dos jesuítas “Iesus Hominum Salvator”, recordou que isto é algo que nunca
devem esquecer: a centralidade de Cristo na vida de cada um dos jesuítas e de toda
a companhia. Jesus é o único ponto de referencia, e não os interesses pessoais de
cada um. Isto deve levar cada um a perguntar-se se realmente põe Cristo no centro
da própria vida. Se não o faz, erra. A esta centralidade de Cristo – acrescentou ainda
o Papa Francisco - corresponde também a centralidade da Igreja. Não se trata de dois
caminhos paralelos ou isolados.
Como segundo ponto de reflexão o Papa lançou
a pergunta: “como viver esta dupla centralidade? E respondeu estabelecendo um paralelismo
entre São Paulo e Santo Inácio, dizendo que ambos se deixaram conquistar por Cristo.
Procuramos e servimos Jesus porque ele nos conquistou, ele precede-nos em tudo, é
sempre o primeiro, chega e nos espera e convida a segui-lo, a imitá-lo, mesmo no
sofrimento. A este ponto o Papa disse pensar nos irmãos sofredores na Síria, pois
que deixar-se conquistar por Cristo significa estar orientado para o que está à nossa
frente, para a meta de Cristo e perguntar-se com verdade e sinceridade: o que fiz,
o que faço, o que devo fazer por Cristo? Por fim e como terceiro ponto da reflexão
o Papa recordou as palavras de Jesus, segundo o qual quem não se envergonhar d’Ele
e der a própria vida por sua causa, se salvará, mas quem fizer o contrário perderá
a própria vida. A este respeito o Papa disse que todos devemos envergonhar-nos dos
nossos limites, de não estar à altura daquilo que Jesus quer de nós… e recomendou
aos seus confrades que peçam a graça da vergonha… “Pedir a graça da vergonha:
vergonha que vem do contínuo colóquio de misericórdia com Ele: vergonha que nos faz
corar perante Jesus Cristo; vergonha que nos põe em sintonia com o coração de Cristo
que se fez pecado por mim; vergonha que põe em harmonia o nosso coração nas lágrimas
e nos acompanha na senda quotidiana do “meu Senhor”.
O Papa Francisco
concluiu recordando que isto leva cada um dos jesuítas e toda a Companhia de Jesus
a viver a grande virtude da humildade, humildade que nos torna conscientes de que
não somos nós a construir o Reino de Deus, mas que é sempre a graça do Senhor que
age em nós.
O Papa convidou depois todos os jesuítas a pedirem a Nossa Senhora
para os ajudar a por sempre Cristo no centro da própria vida.
No fim da missa
o Papa deteve-se em oração perante os altares de Santo Inácio, de São Francisco Xavier
e na Capela de Nossa Senhora do Caminho e ainda no túmulo do Padre Pedro Arrupe. **Recorde-se
que ao falar com os jornalistas no avião, durante a sua viagem de regresso do Rio
de Janeiro para Roma, à pergunta se ainda se sente jesuita, o Papa Francisco respondeu:
"É uma
pergunta teológica, porque os Jesuítas fazem voto de obediência ao Papa Mas se o Papa
é um Jesuíta, talvez deve fazer voto de obediência ao Supeiro Geral dos Jesuítas ...
Eu não sei como se resolve isso ... Eu me sinto Jesuíta na minha espiritualidade;
na espiritualidade dos Exercícios, a espiritualidade, aquela que trago no coração.
Tanto é que daqui a três dias irei festejar com os Jesuítas a festa de Santo Inácio:
celebrarei a Missa de manhã. Não mudei de espiritualidade, não. Francisco, franciscano:
não. Sinto-me Jesuíta e penso como Jesuíta. Não hipocritamente, mas penso como um
Jesuíta".