P. Bernardo Suate comenta Evangelho deste Domingo (Lc 11, 1-13)
Bem vindos,
queridos ouvintes, elas e eles, ao nosso programa semanal de reflexão à volta do Evangelho
do Domingo. A liturgia continua a propor-nos a leitura do Evangelho de S. Lucas,
que nos tem apresentado nas últimas semanas um Jesus determinado a seguir o seu caminho
rumo a Jerusalém (Lucas descreve esta caminhada em 10 capítulos, do 9° ao 19°). Os
discípulos, que somos todos e cada um de nós que acompanhamos o Mestre nesta grande
‘subida’ – que não é apenas geográfica!), somos confrontados neste Domingo, que é
17° do Tempo Ordinário, com o tema da oração. E Jesus também aqui se apresenta como
‘mestre’ da oração: “Jesus estava em oração em certo lugar …”. Na verdade, respondendo
ao pedido de um dos discípulos (“ensina-nos a orar como João Baptista ensinou aos
seus discípulos a orar …”), Jesus ensina-lhes o Pai-Nosso, oração que nós todos conhecemos. Esta
oração, conforme foi proposta por Jesus, divide-se claramente em duas partes fundamentais:
uma primeira parte em que fazemos nossos os “projectos do Pai” (santificado seja o
vosso nome, venha o vosso reino), como para dizer: manifesta, ó Pai, o teu poder que
é todo bondade, todo paternidade, ou como se lhe pedíssemos “mostra que és Pai, infinitamente
bom e amoroso, um pai que nos ama muito mais e melhor do que nos amam os nossos pais
e as nossas mães cá na terra …; mas tem também uma segunda parte em que formulamos
os nossos desejos e necessidades, e que S. Lucas reduz substancialmente a três: pão,
perdão e libertação do mal. Uma palavrinha quanto ao segundo pedido, digamos “nosso”
que fazemos no Pai Nosso: “perdoai-nos os nossos pecados porque também nós perdoamos
a TODO AQUELE QUE nos ofende” como sugere o texto de Lucas (enquanto que Mateus fala
mais genericamente de perdão das “ofensas”). E’, de facto, o pecado o grande obstáculo
ao reino de Deus e à partilha fraterna do pão. Além disso Lucas sublinha “… como nós
perdoamos a todo aquele que nos ofende” para nós merecermos o perdão dos nossos pecados. Pois
este perdão é essencial na vida do cristão, e Jesus insiste várias vezes no Evangelho
quando diz “sede misericordiosos como o vosso Pai do céu …(lc 6) ou “Pai, perdoai-lhes
porque não sabem o que fazem (Lc. 23). E a alegria que Deus tem em perdoar ao pecador
arrependido deve inspirar e orientar o agir do cristão. Qual é, então, a mensagem,
para mim, para ti, do Evangelho neste Domingo? Certamente a oração, a importância
de rezar e rezar com perseverança, lembrando sempre aquilo que o Papa Francisco nos
disse no Angelus do Domingo passado, ou seja, uma oração que não nos leve ao compromisso
concreto com o irmão necessitado é uma oração estéril e que não produz fruto algum.
E ao mesmo tempo, o nosso empenho de perdoarmos a TODOS os que nos ofendem, para nós
também alcançarmos o perdão. Sempre e em tudo confiados no Pai do Céu (pedi e dar-se-vos-á,
procurai e encontrareis, batei à porta e abrir-se-vos-á, como nos sugere ainda o evangelho)
porque Ele, infinitamente melhor que os nossos papás e mamãs da terra que nos querem
tanto bem, está sempre pronto a dar “coisas boas” (ou melhor, o Espírito Santo, como
diz S. Lucas) àqueles que Lho pedem”.