Rio de Janeiro (RV) – O Papa “que veio da outra parte do mundo” volta para
casa, na América Latina. Há uma grande expectativa no Rio de Janeiro, onde o Santo
Padre chegou segunda, 22, e se reunirá com os mais de 2 milhões de jovens, provenientes
de todas as partes do mundo, para viver com ele a JMJ. O tráfico desacelera a circulação
nas ruas da Cidade Maravilhosa, onde gradualmente chegam os peregrinos.
Depois
dos brasileiros, o grupo mais numeroso é o de argentinos que, segundo as estimativas,
são mais de 40 mil. Desembarcando no Rio, os turistas já encontram enormes favelas
ao longo da estrada que leva à metrópole. É um choque de realidade. Portanto, o país
que acolhe o Papa é um símbolo de todas as contradições e pobrezas, mas também de
todos os recursos extraordinários desse continente.
O Brasil foi dominado
por uma onda de protestos no mês passado, criada sobretudo por jovens e sustentada
através das redes sociais. É uma reação de despertar frente aos problemas não resolvidos
e não enfrentados, como a corrupção, a impunidade e a falta de transparência. “Estamos
num momento crucial”, disse Dom Carlos Aguiar Retes, Arcebispo de Tlalneplanta (México)
e Presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). E “os desafios da mudança
do período em que vivemos exigem um repensar de atitudes, de estruturas e de atividades
pastorais na fidelidade a Cristo”. Em sua programação na JMJ, o Papa Francisco
pediu para participar domingo, 28 de julho, da Reunião Geral de Coordenação da Celam.
O Papa conhece perfeitamente os desafios eclesiásticos e sociais desse continente,
porque os viveu na própria pele. “Por isso – diz Dom Aguiar – para os 50 bispos que
compõem o Celam será de enorme interesse e importância escutar a voz do Papa Francisco”.
O
arcebispo ainda enfatiza que o fato do Santo Padre ter escolhido participar desta
reunião demonstra seu interesse em promover e encorajar a missão da Igreja na América
Latina: “Apenas o fato de tê-lo conosco já nos entusiasma e nos enche de esperança”,
afirma. Ainda segundo ele, a transmissão da fé às novas gerações é uma tarefa complicada
e delicada atualmente. “É necessário falar a linguagem dos jovens, responder suas
perguntas, utilizar seus instrumentos de comunicação e é particularmente importante
que os próprios jovens sejam os principais evangelizadores dos outros jovens”.
Acerca
das expectativas que envolvem a relação do Papa com os participantes da JMJ, Dom Aguiar
acredita que o carisma do Santo Padre será de grande auxílio para que as palavras
de Deus cheguem ao coração dos católicos e também daqueles que não o são. “Os jovens
não querem alguém que fale de Deus, mas que mostrem seu Deus, e isto é o que o Papa
está fazendo”. O arcebispo avalia que esta é uma boa oportunidade para que os jovens
encontrem coragem para comprometerem-se com sua fé e viverem a juventude com a alegria
de saber que são amados por Deus. (NV)