Está tudo
pronto no Rio de Janeiro para a chegada do Papa Francisco e o início da JMJ. Nas ruas
da metrópole carioca, grupos de meninos e meninas, com camisetas e mochilas dia da
Jornada por todo o lado: em Copacabana, no Corcovado, pelas ruas estreitas da cidade
velha, nos autocarros que cruzam a metrópole.
Apesar de alguma polémica por
causa dos custos elevados, para os Bispos brasileiros a imagem da JMJ é muito positiva
no Rio e a alegre expectativa sente-se mesmo nos discursos das pessoas. A confirmação
disto vem também das redes sociais, com mais de um milhão de amigos no Facebook e
400 mil seguidores no Twitter. Pela primeira vez na história das JMJ será uma praia,
a bela praia da Copacabana, a hospedar três dos cinco eventos centrais da Jornada
- Missa de Abertura, acolhimento do Papa e a Via Sacra - enquanto que em Guaratiba,
o sítio rebaptizado "Campus Fidei" na extrema periferia do Rio, o Papa presidirá a
Vigília e a Missa de encerramento da JMJ.
Para velar pela segurança dos peregrinos
estarão no campo 20 mil entre policiais e soldados. Aproveitando da visibilidade
mundial do evento teme-se que haja manifestações contra a política socioeconómica
do governo, mas a Igreja está confiante de que os protestos pacíficos não afectarão
a realização da JMJ.
Mas Rio não é só uma localidade de lindas praias. É uma
cidade com duas almas, entre entre arranha-céus e favelas como nos refere de lá
um dos enviados da RV, Roberto Piermarini…
Rio de Janeiro é, na realidade,
uma cidade maravilhosa, ao ponto de o Beato João Paulo II ter afirmado que apenas
um "arquitecto divino poderia criá-la", mas a cidade carioca é também é uma metrópole
de grandes contrastes. Quando se fala da "Cidade Maravilhosa" pensa-se logo no mar,
a praia de Copacabana, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor no Corcovado, os arranha-céus
que se reflectem nas aguas da baía. Mas há o outro Rio, do qual se tenta geralmente
desviar o olhar, mas que no entanto existe. E’ o Rio das favelas. Uma realidade que
a Igreja nunca procurou esconder: João Paulo II, visitou em 1980 as de Vivigal, enquanto
que o Papa Francisco durante sua peregrinação ao Rio quis inserir – no dia 25 de Julho
- uma visita às favelas de Varginha. Calcula-se que existam cerca de 700 favelas no
Rio de Janeiro, mas ninguém sabe o número exacto - um mundo olhado com desconfiança
pela cidade, a metrópole dos arranha-céus, hotéis luxuosos e praias.
Existem,
pois, duas Rio: a Rio baixa - onde, paradoxalmente, vive a classe média alta - que
vê as favelas como uma concentração de crime, violência, tráfico de drogas e miséria;
e a Rio alta dos "morros", que considera o resto da cidade um mundo incompreensível
e inimigo. Os habitantes das favelas não gostam de chamá-las, mas falam de "comunidades",
onde não existe apenas crime e miséria, mas uma população de trabalhadores que vivem
nessas áreas, porque é o único lugar onde se podem dar ao luxo de pagar um aluguer.
De acordo com a Igreja o Estado terá de apetrechar essas zonas com escolas, água potável,
apoios ao emprego. Só assim se poderá ter um projecto capaz de prestar assistência
aos bairros dos "morros", que deixaram, entretanto de ser vistos como um cancro social,
mas uma parte integrante do Rio, caminhando assim para uma unidade entre as duas almas
da cidade.