Jales (RV) - Quando do primeiro “encontro mundial” do Papa com a Juventude,
em 1984, a preocupação era garantir que a grande diferença de idade não inviabilizasse
o diálogo. Colocar frente à frente gerações tão diferentes, parecia provocar o desencontro,
como resultado do encontro proposto.
A iniciativa tinha sido de João Paulo
II, o incansável peregrino, obstinado a se encontrar com todo o mundo. Dessa vez a
aposta era com a juventude. E o resultado foi surpreendente: entre o ancião que representava
a velha guarda, e os jovens que representavam as novas gerações, na verdade havia
muito mais concordâncias do que divergências, mais sintonias do que dissonâncias,
mais empatia do que oposição. Esta primeira experiência acendeu a luz inspiradora,
para construir uma plataforma dinâmica de diálogo entre a Igreja e a Juventude de
nosso tempo.
Outro fato concomitante veio corroborar esta proposta: a ONU
acabava de estabelecer o ano de 1985 como o “Ano Internacional da Juventude”. O Papa
não perdeu tempo: convocou outro encontro com os jovens, ainda em 1985, e nele expôs
sua intenção de criar a “Jornada Mundial da Juventude”, a ser realizada em cada ano,
por todas as dioceses, de preferência no Domingo de Ramos.
Mas a proposta
continha um ingrediente, que a experiência comprovou ser estratégico para sustentar
as motivações da Jornada Mundial: ficou estabelecido que, no intervalo de poucos anos,
de vez em quando, haveria Jornadas da Juventude, em grandes cidades do mundo, que
contariam com a presença do Papa.
E assim já aconteceu em 1986, ano em que
se realizou a primeira Jornada Mundial da Juventude, que inaugurou a série que continua
até hoje. Daí que agora já estamos na 28ª. JMJ, número que inicia sua contagem em
1986. E esta primeira já contou com a presença especial do Papa, traçando de certa
maneira o molde das outras que deveriam vir.
O interessante é que a segunda
JMJ foi realizada em Buenos Aires, em 1987. Naqueles anos o Bergoglio ainda não era
nem cardeal nem arcebispo de Buenos Aires, mas participou de perto desta nova iniciativa
da Igreja, de se aproximar dos jovens, colocá-los em contato com Cristo, inseri-los
na comunhão eclesial e envolvê-los na missão apostólica.
O fato é que os jovens
se tornaram hoje, através das Jornadas Mundiais, uma referência positiva de sensibilidade
cristã, de vontade de recuperar valores perenes que motivam nossa existência, e sobretudo
de generosidade em abraçar as causas da humanidade e a missão da Igreja.
Nem
é de estranhar que entre Juventude e Evangelho exista uma profunda afinidade e uma
mútua cumplicidade. Pois na verdade o Evangelho de Cristo sempre traz a dinâmica da
renovação, da recuperação de sentido, da mudança e da conversão pessoal com repercussões
na sociedade.
Não é por nada que por definição, o “evangelho” é uma “Boa Notícia”,
que tem a força de se renovar sempre, encontrando nas “novas gerações” a porta aberta
para entrar e ser acolhida.
Se nos perguntarmos o que está acontecendo nestes
dias com a Jornada Mundial da Juventude, podemos dizer que é o Evangelho assumindo
as feições da juventude de hoje, e mostrando de novo como ele é o caminho verdadeiro
para a plena realização de nossa vida.
Os jovens estão nos dando o testemunho
da perene vitalidade do Evangelho de Cristo. D. Demétrio Valentini