No Angelus, Papa Francisco confia a Jornada Mundial da Juventude a Nossa Senhora Aparecida
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco dirigiu-se na manhã deste domingo
à Castel Gandolfo, onde recitou a Oração Mariana do Angelus junto aos peregrinos e
habitantes. Na sua alocução, que precede a oração, o Papa confiou a Jornada Mundial
da Juventude no Rio de Janeiro a Nossa Senhora Aparecida e recordou São Camilo Lellis,
"um homem que viveu plenamente o Evangelho do bom samaritano".
O Papa partiu
de carro do Vaticano às 9 horas da manhã, chegando à Vila Pontifícia às 9h30min, onde
encontrou os funcionários e moradores da Residência de Verão. Francisco foi saudado
pelo Bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro, pelo Diretor da Vila Pontifícia, Dr.
Petrillo Saverio e pela Prefeita de Castel Gandolfo, Sra. Milvia Monachesi. Numa breve
intervenção, o Papa agradeceu a acolhida e dirigiu-se às pessoas que “amam este lugar,
encantados com a sua beleza e encontrando ali um momento de descontração”.
No
pronunciamento, Papa Francisco recordou os seus predecessores que costumavam passar
algum período do verão em Castel Gandolfo: “Neste momento o meu pensamento vai para
o beato João Paulo II e a Bento XVI, que gostavam de passar parte do período de verão
nesta residência pontifícia. Muitos de vocês tiveram a ocasião de os encontrar e acolher,
conservando uma cara recordação. Que o seu testemunho seja sempre de encorajamento
na fidelidade cotidiana a Cristo e no contínuo esforço para viver uma vida coerente
com as exigências do Evangelho e o ensinamento da Igreja”.
Ao meio-dia, o Papa
Francisco dirigiu-se à multidão que superlotava a praça em frente à Residência de
verão. Ao invés de falar do balcão central, Francisco preferiu recitar a Oração mariana
do Angelus em frente à Residência apostólica.
Eis a íntegra da reflexão
que precede o Angelus:
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia! hoje o nosso encontro
dominical do Angelus vivemos aqui em Castel Gandolfo. Eu saúdo os habitantes desta
linda cidadezinha! Gostaria de vos agradecer, sobretudo pelas vossas orações, e o
mesmo faço com todos vocês peregrinos, que vieram em grande número aqui.
O
Evangelho de hoje - estamos no capítulo 10 de Lucas - é a famosa parábola do Bom Samaritano.
Quem era esse homem? Era alguém, que descia de Jerusalém em direção à Jericó na estrada
que atravessa o deserto da Judéia. Há pouco, nesta estrada, um homem havia sido atacado
por bandidos, roubado, espancado e deixado quase morto. Antes do samaritano, passaram
um sacerdote e um levita, ou seja, duas pessoas envolvidas com o culto no Templo do
Senhor. Eles vêem aquele pobre homem, mas seguem sem parar. Em vez disso, o samaritano,
quando viu o homem, "teve compaixão" (Lc 10:33), diz o Evangelho. Ele aproximou-se
e enfaixou as feridas, derramando um pouco de azeite e vinho, depois e colocou-o em
seu próprio animal e levou-o para uma hospedaria, e pagou para ele o alojamento ...
Quer dizer, cuidou dele: é o exemplo de amor ao próximo. Mas porque Jesus escolheu
um samaritano como protagonista desta parábola? Por que os samaritanos eram desprezados
pelos judeus, por causa de diferentes tradições religiosas; e Jesus faz ver que o
coração daquele Samaritano é bom e generoso e que - ao contrário do sacerdote e do
levita - ele coloca em prática a vontade de Deus, que quer a misericórdia e não o
sacrifício (cf. Mc 12:33). Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação. Quer
a misericórdia do coração, porque Ele é misericordioso e sabe entender bem as nossas
misérias, as nossas dificuldades e também os nossos pecados. Dá a todos nós este coração
misericordioso! O samaritano faz exatamente isto: imita a misericórdia de Deus, a
misericórdia para aqueles que tem necessidade.
Um homem que viveu plenamente
este Evangelho do Bom Samaritano é o Santo que hoje recordamos: São Camilo de Lellis,
fundador dos Ministros dos Enfermos, o padroeiro dos doentes e dos profissionais de
saúde. São Camilo morreu 14 de julho de 1614 e exatamente hoje se abre a celebração
do seu quarto centenário, que terá o seu ápice em um ano. Saúdo com grande afeto a
todos os filhos e filhas espirituais de São Camilo, que vivem o seu carisma de caridade
no contato diário com os doentes. Sejam como ele bons samaritanos! E também aos médicos,
aos enfermeiros e àqueles que trabalham em hospitais e asilos, auguro serem animados
pelo mesmo espírito. Confiemos esta intenção à intercessão de Maria Santíssima.
E
uma outra intenção eu gostaria de confiar à Nossa Senhora, junto a todos vocês. Está
próxima a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. Se vê que existem tantos
jovens de idade, mas todos vocês são jovens no coração! Parabéns! Eu partirei em oito
dias, mas muitos jovens irão ao Brasil antes. Rezemos então por esta grande peregrinação
que começa, para que Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, guie os passos
dos participantes e abra os seus corações para acolher a missão que Cristo dará a
eles”.
Após o Angelus, o Santo Padre manifestou sua proximidade espiritual
com os Prelados e fiéis da Igreja na Ucrânia, reunidos na Catedral de Lutsk para a
Missa em sufrágio das vítimas dos massacres de Volinia, ocorridos 70 anos atrás. “Tais
atos, provocados pela ideologia nacionalista no trágico contexto da II Guerra Mundial,
provocaram dezenas de milhares de vítimas e feriram as relações fraternas entre dois
povos – polonês e ucraniano. Confio á misericórdia de Deus as almas das vítimas. Para
os seus povos, peço a graça de uma profunda reconciliação e de um futuro sereno na
esperança e na sincera colaboração pela comum edificação do Reino de Deus”.
O
Papa Francisco concluiu com a tradicional saudação "Bom domingo e bom almoço", indo
em seguida ao encontro da multidão reunida na Praça diante da Residência Apostólica,
saudando especialmente os doentes.
Após, almoçou com a Comunidade religiosa
dos jesuítas do Observatório Astronômico ('Specola Vaticana'), dirigido pelo argentino
Padre José Gabriel Funes e retornou ao Vaticano. (JE)