Abacou
(RV) - O terremoto de janeiro de 2010 captou a atenção da comunidade internacional
para aquele que é considerado o país mais pobre de todo o continente americano: o
Haiti. E é aqui que nos encontramos. Mas antes de falar desta ilha e de seus habitantes,
vamos nos situar: o Haiti está no coração do mar do Caribe. Ao norte se encontra Cuba
e portanto, logo mais acima, Miami. No oeste temos a Jamaica, no leste, as infinidades
de paraísos tropicais e fiscais e, ao sul, a Venezuela.
A porta de entrada
da nossa viagem foi Porto Príncipe. Mas logo deixamos a caótica e poluída capital
para nos aventurar pelo interior. Em Les Cayens, a terceira maior cidade do Haiti,
fomos acolhidos pelo Frei Sergio Defendi, da Ordem dos Frades menores Capuchinhos,
que nos levou até sua casa, num simples vilarejo de pescadores, Abacou.
A
imagem é aquela típica dos catálogos de agências turísticas: mar de cor azul turquesa,
areia branca e fina, vegetação imponente, marcada sobretudo pelos coqueiros e as bananeiras.
Enfim, seria um verdadeiro paraíso sobre a terra se não fosse rodeada pela pobreza
que aflige essa população. E não estamos falando das consequências do tremor, que
nada destruiu por aqui. Os problemas estruturais do Haiti são seculares. Foi na Ilha
de Hispaniola, que o Haiti divide com a República Dominicana, que em 5 de dezembro
de 1492 Cristóvão Colombo desembarcou. Com ele e suas naves desembarcaram também a
escravidão, o colonialismo e o cristianismo. Entre suas glórias históricas, o Haiti
tem no currículo o fato de ter sido a segunda colônia, depois dos EUA, a declarar
independência em janeiro de 1804. Os desafios, porém, estavam só começando. Episódios
menos gloriosos integraram a histórica da nação, como o domínio estadunidense e ditaduras
e repressões.
Enquanto isso, em Abacou, a situação permaneceu a mesma: não
há luz, não há água encanada, não há esgoto, não há emprego. Realidade que não assustou
Frei Sérgio, pelo contrário. Ouça, clicando acima. (BF)