Tensão Política em Moçambique: Igreja apela ao diálogo franco (crónica de Hermínio
José, de Maputo)
Ainda continua
o impasse nos diálogos políticos entre o Governo e a Renamo. Já foram realizadas 8
rondas negociais, as quais redundaram no fracasso. E por outro lado ainda prevalece
a tensão política originada pelos ataques a alvos civis ao longo da Estrada Nacional
Número 1, no troço Save-Muxúngwè, entre a província de Inhambane e Sofala. Dos referidos
ataques armados, só na semana passada, resultaram três mortes e dezenas de feridos.
A maioria das vítimas estavam a bordo de viaturas no troço entre Save e Muxúngwè. A
este propósito, Afonso Dlhakama, líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique
em conferência de imprensa convocada esta quarta-feira, assumiu publicamente que os
ataques armados da semana finda, foram realizados pelos homens da Renamo, por ele
mandatados. Entretanto, a calma nas regiões entre Save e Muxúngwè, tende a regressar
à normalidade, mas a população ainda permanece receosa, temendo a mais ataques dos
homens armados da Renamo.
Igreja condena os ataques a civis e apela ao diálogo Relativamente
a tensão política que se vive em Moçambique nos últimos dias, o porta-voz da Conferência
Episcopal de Moçambique (CEM), Dom João Carlos, disse que os ataques violentos que
se têm registado no país, pode ser corolário da falta de vontade política de ambas
as partes de manter um diálogo franco, a bem da nação moçambicana. Dom João Carlos
afirma que a igreja condena veementemente os ataques cujos alvos são civis. Em
relação aos diálogos fracassados entre o Governo e a Renamo, que já somam 9 rondas,
Dom João Carlos, afirma que para além dos diálogos entre as delegações das duas partes,
é preciso que ao mais alto nível também se mantenham diálogos, neste caso, entre o
Presidente da República, Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dlhakama.
Chefe
de Estado disposto a dialogar com líder da Renamo De salientar que o chefe do Estado
moçambicano, afimou publicamente há dias, estar disponível a dialogar com o líder
da Renamo, e por seu turno Afonso Dlhakama aceita manter o diálogo com Armando Guebuza
em Maputo, mas tendo como pré-condição a retirada dos agentes das Forças e Defesa
e Segurança Governamentais no perímetro de Santungira, onde se encontra a residir
actualmente. E para o académico Alberto Sitoe, só o simples facto de o chefe de
Estado pôr-se à disponibilização para o diálogo já é um bom sinal, independentemente
das pré-condições para o efeito. Pré-condições que podem amordaçar os diálogos Entretanto,
para José Pacheco, chefe da delegação do Governo no diálogo com a Renamo, as Forças
de Defesa e Segurança foram destacadas para aquele local para a defesa da soberania,
liberdades e direitos dos cidadãos e manter a tranquailidade e ordem públicas, ainda
assim, Pacheco admite que o Governo deverá analisar esta pré-condição colocada pela
Renamo e o Governo tem como uma das pré-condições, o desarmamento da Renamo. Refira-se
que nesta quinta-feira, realizou-se uma secção extraordinária nos diálogos entre o
Governo e a Renamo, depois das oito rondas que não registaram avanço nenhum.