2013-07-02 17:41:55

Para Metropolita Ioannis, colegialidade defendida por Francisco aproxima Igrejas


Cidade do Vaticano (RV) – O Presidente (pelo lado ortodoxo) da Comissão Mista Internacional para o Diálogo entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, o Metropolita de Pérgamo Ioannis Zizioulas, guiou a delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla que participou da celebração Eucarística por ocasião da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, no último sábado (29), no Vaticano. Ele é professor de teologia na Universidade de Tessalônica e no King's College de Londres e considerado por Yves Congar como "um dos teólogos mais originais e mais profundos de nossa época".

“A ideia de colegialidade, tão forte no olhar de Francisco sobre a Igreja” e as palavras dirigidas à Delegação Ecumênica no encontro de sexta-feira (28) e reforçadas na homilia da Missa do dia 29, trouxeram uma grande alegria ao Metropolita. “Isto significa que é um pensamento seu constante, afirmou. Outro fator crucial é o fato de que o Papa Francisco parece conceber a idéia e colocar-se, antes de tudo, como Bispo de Roma. Se você andar no caminho sugerido por estas duas coordenadas – compreender-se primeiramente como bispos e reconhecer a colegialidade da Igreja – eu acredito que será muito fácil para os ortodoxos e católicos encontrarem-se na unidade sacramental como irmãos em Cristo”, “portanto, não somente como aliados em estratégias culturais e batalhas éticas”

Ioannis diz não saber ainda como o Papa vai mudar a forma concreta de exercer o papado, mas, “em muitos gestos e nas palavras de Francisco, parece apresentar-se o melhor da ideia do papado, típica dos primeiros tempos da Igreja. O Papa é, primeiramente, Bispo de uma Igreja, a Igreja de Roma. As outras coisas vem depois. Papa Francisco compreende também a colegialidade como algo essencial para a Igreja e isto poderá, com certeza, sugerir mudanças concretas”.

Perguntado pelo Vaticaninsider sobre que reformas um ortodoxo poderia esperar, Ioannis respondeu exemplificando que “o Papa poderia reconhecer ao sínodo dos bispos católicos uma autoridade deliberativa e não somente uma função consultiva”. “Soube que o Papa Francisco constituiu um grupo de oito cardeais para aconselhá-lo no governo da Igreja e na reforma da Cúria”, observou.

Falando sobre a fase vivida pela Comissão Teológica Mista entre católicos e ortodoxos, Ioannis observou que no documento de Ravena de 2007, os ortodoxos reconheceram que o primado é necessário e faz parte da essência da Igreja. “Esse não é somente um elemento 'organizativo ' humano. Mas deve ser sempre compreendido e exercitado no contexto da colegialidade – enfatizou. Sobre isto os católicos disseram estar de acordo 'em princípio'. Se nos movermos nesta direção poderemos continuar o caminho. Também por isto espero que o Papa Francisco continue a nos dar sinais que tornem mais fácil para os ortodoxos aceitar o primado”.

O Metropolita evidenciou que tradicionalmente os ortodoxos têm a preocupação de que o Papa queira submetê-los e exercer jurisdição sobre eles. “Colocar de lado explicitamente qualquer pretensão de jurisdição seria muito útil”, observa. “E isto vai de encontro com o fato de Papa Francisco se apresentar como Bispo de Roma. Ele disse a mim e a todos os bispos: eu sou um bispo, como também você o é. Todos os bispos, do Papa aos Patriarcas até o último deles, somos iguais do sob a ótica do sacerdócio”.

O Patriarca Bartolomeu propôs ao Papa Francisco de encontrar-se em Jerusalém, 50 anos após o histórico abraço entre Paulo VI e Atenágora, convite aceito prontamente. O Metropolita explicou, no entanto, tratar-se de uma “questão complexa, pois envolve as relações com as realidades políticas e sobre isto o Papa disse que deverá consultar seus colaboradores. Nós esperamos sua decisão final. Do nosso lado, estamos prontos. Seria muito bonito, sobretudo neste momento. O Papa e o Patriarca dariam uma mensagem de paz e reconciliação para todo o Oriente Médio”. (JE)











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