Egito corre risco de guerra civil, diz Bispo anglicano
Cairo (RV) – No último domingo, 17 milhões de egípcios saíram às ruas do país
para exigir a saída do Presidente Mohamed Morsy. Foi o maior protesto da história
do Egito. “Derrubem Morsy” e “Não mais Irmandade” foram as principais palavras de
ordem entoadas pela multidão no Cairo e cidades como Alexandria, Menuf, Mahalla, Suez
e na cidade natal de Morsy, Zagazig. Os governistas contra-atacaram e protestaram,
alguns levando barras de ferro e usando capacetes. Até o momento 5 pessoas já foram
mortas e o movimento afirma seguir até a queda do atual presidente.
O Bispo
anglicano do país, Dom Mouneer Hanna Anis, advertiu que a situação no Egito é muito
séria. O país está à beira “de uma outra revolução ou de uma guerra civil”. “Não sabemos
o que poderá acontecer, mas sabemos que estamos diante de alguma coisa drástica”,
disse ele, escrevendo a amigos estrangeiros.
Para Dom Anis, a dramática situação
vivida atualmente no país foi provocada por diversos fatores, como a nova Constituição
– escrita e aprovada às pressas -, o banimento da vida política dos moderados e não-islâmicos
e a nomeação unicamente de islâmicos para cargos importantes. Estes fatores – segundo
o prelado - provocaram instabilidade e insegurança, afetaram a economia e o turismo.
“As pessoas reclamam do aumento do preço dos alimentos, dos constantes black-outs,
dos confrontos sectários e ultimamente da falta de combustíveis”, disse ele.
Não
obstante as ameaças, muitos expoentes cristãos e muçulmanos tem lançado apelos à liberdade
de expressão. O Patriarca de Igreja Copta Tawadros II, líder de 8 milhões de cristãos
coptos no país, reiterou que “todos são livres para expressar seu ponto de vista”.
O Grande Imame de al-Azhar, Ahmed AL-Tayyebb, defendeu que “qualquer um pode se manifestar
para exprimir seu ponto de vista e isto não tem nada a ver com fé”.
O bispo
anglicano explica que formou-se um novo movimento no Egito chamado ‘tamarrod’ (‘rebelião’),
que tem como objetivo organizar os protestos pela derrubada do Presidente egípcio.
“Tudo pode acontecer”, diz Dom Anis. (JE)