Rio de Janeiro (RV) - No próximo final de semana iremos celebrar a Solenidade
de São Pedro e de São Paulo, colunas da Igreja. É o Dia do Papa, quando todo o mundo
católico, reverentemente, pede ao Senhor da Messe e Pastor do Rebanho as luzes necessárias
para que o sucessor do Apóstolo Pedro, o Papa Francisco, continue firme apascentando
as suas ovelhas e confirmando-as na fé em comunhão com o Colégio Universal dos Bispos. Neste
tempo de tantas contestações com relação à fé, que muitas vezes até querem impedir
de exercermos a nossa liberdade cidadã de poder viver como cristãos, celebrar esta
festa, que nos recorda esses dois homens de Deus que foram fiéis até o fim, é para
nós um consolo e estímulo. Não ter medo de continuamente dar testemunho de Cristo!
Eis o exemplo desses nossos mártires que regaram com o seu sangue os inícios da Igreja
na cidade de Roma. As duas Basílicas maiores de Pedro e Paulo são para nós um sinal
plantado naquele chão que nos chama ainda hoje a não desanimarmos de testemunhar a
fé em Cristo. Ao refletir sobre a visão desses dois apóstolos e lermos seus escritos
e conhecermos suas histórias nos faz ver como as intolerâncias quanto aos que creem
existem desde longa data. Mas também existem a fortaleza e a luz em nossas vidas,
que nos levam a testemunhar Jesus Cristo Ressuscitado. Ao celebrarmos os Santos
Pedro e Paulo queremos também nos unir ao Papa Francisco e à Diocese de Roma, onde
essas duas insignes testemunhas de Cristo sofreram o martírio e onde se veneram as
suas relíquias. Esta solenidade de Pedro e Paulo nos ajuda a nos unirmos ao Papa,
que desempenha um serviço único e indispensável à Igreja universal. É sinal visível
da unidade! Um sinal concreto dessa comunhão é a “visita ad limina”: de cinco em cinco
anos, quando os bispos do mundo inteiro peregrinam aos túmulos dos Apóstolos Pedro
e Paulo para manifestar a sua unidade com a Sé de Pedro. Nosso Senhor Jesus Cristo
confiou a Pedro a missão de confirmar os irmãos na fé. O primado confiado a Pedro
continua perpetuando nos seus sucessores. São Pedro é o apóstolo a quem Jesus designa
um novo nome, Cefas, que quer dizer "Pedra", nome que acabará substituindo o original,
Simão. São Pedro foi o primeiro a quem Jesus lavou os pés na Última Ceia. O próprio
apóstolo Pedro é consciente desta posição particular que tem: é ele quem fala com
frequência, em nome dos demais, pedindo explicações ante uma parábola difícil, ou
para perguntar o sentido exato de um preceito ou a promessa formal de uma recompensa.
Vemos também sua intervenção solene no assim chamado Concílio de Jerusalém. No
capítulo 16 de Mateus, versículos 18 e 19, Jesus pronuncia a declaração solene que
define o papel de Pedro na Igreja: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. A ti darei as chaves do
Reino dos Céus; o que ligares na terra será ligado no céu, e o que desligares na terra
será desligado nos céus". As três metáforas às quais recorre Jesus são em si muito
claras e Pedro terá a missão de fazer tudo o que considere necessário para a vida
da Igreja – que é e continuará sendo de Cristo. Ao celebrarmos esta Solenidade
constatamos, claramente, que Pedro e seus sucessores são o sinal e a guarda da unidade,
ou seja, a comunhão da Igreja com Cristo e, consequentemente, com os irmãos. Pedro
serve à Igreja na comunhão com Cristo, de forma que a rede não se rompa, mas que sustente
a grande comunhão universal. São Paulo, que também celebramos nesse final de semana,
foi iluminado pela graça divina no caminho de Damasco e de perseguidor de cristãos
tornou-se o Apóstolo das Nações. Tendo encontrado Jesus no seu caminho, dedicou-se
totalmente à causa do Evangelho. A São Paulo estava destinada a distante meta de Roma,
a capital do império, onde, juntamente com Pedro, anunciaria Cristo, único Senhor
e Salvador do mundo. Pela fé, um dia também ele derramaria o seu sangue precisamente
na cidade Eterna, associando para sempre o seu nome ao de Pedro na história da Roma
cristã. Com o salmista queremos cantar nesta Solenidade: "Busco o Senhor e Ele
responde-me, e livra-me de todos os meus temores" (Sl 34, 5). Como não ver na experiência
de Pedro e de Paulo a realização destas palavras do Salmista? A Igreja é continuamente
posta à prova. A mensagem que ela, peregrina neste mundo, recebe sempre dos santos
Apóstolos Pedro e Paulo é clara e eloquente: pela graça de Deus, em todas as circunstâncias
o homem tem a possibilidade de se tornar sinal do poder vitorioso de Deus. Por isso
ele não deve recear. Quem confia em Deus, libertado de qualquer medo, experimenta
a confortadora presença do Espírito Santo também, especialmente nos momentos de prova
e sofrimento. É para esse testemunho que somos chamados nestes tempos em que os que
creem são a cada instante questionados sobre as razões de sua fé.Nesse sentido, a
nós aqui do Rio de Janeiro, celebrar a Solenidade de São Pedro e de São Paulo é manifestar
nossa unidade ao Papa Francisco, que em poucos dias desembarcará em terras cariocas
para anunciar o Cristo. E o Papa nos convida a irmos ao encontro de Cristo, a não
termos medo de abrir o nosso coração para Cristo. Sejamos, pois, como Pedro e Paulo,
homens, mulheres, jovens e crianças e abramos nosso coração ao Redentor! Deus abençoe
o Papa Francisco para que continue sendo "o Bom Pastor que apascenta as suas ovelhas"
e que confirma a Igreja na fé! † Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ