Cidade do Vaticano (RV) – O Concílio Vaticano
II foi uma intuição surpreendente e necessária do Papa João XXIII. O anúncio, em 25
de janeiro de 1959, pareceu inicialmente como algo surpreendente, especialmente vindo
de um Papa e de um homem de fé, de quem logo se havia percebido uma evidente e transparente
bondade.
João XXIII, cujo nome de Batismo era Angelo Giuseppe Roncalli, foi
eleito 261º Pontífice, em 28 de outubro de 1958, sucedendo Pio XII. Desde o início
revelou um estilo que refletia a sua personalidade humana e sacerdotal amadurecida
mediante uma significativa série de experiências e uma intensa vida espiritual.
O
Papa que convocou e abriu o Concílio Vaticano II morreu na noite de 3 de junho de
1963 e foi Beatificado por João Paulo II em 3 de setembro de 2000.
Por ocasião
do 50º aniversário da morte do Beato João XXIII, foi realizada no último dia 3 de
junho, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, uma solene celebração Eucarística presidida
pelo bispo de Bérgamo, que marcou também a peregrinação desta diocese, à qual pertence
a pequena localidade de “Sotto il Monte”, terra natal do Papa Roncalli. No final da
missa, o Papa Francisco falou sobre João XXIII e ressaltou:
"O mundo inteiro
tinha reconhecido no Papa João um pastor e um pai. Como ele conseguiu atingir o coração
de pessoas tão diferentes, até mesmo de muitos não-cristãos? Para responder a essa
pergunta, podemos nos referir ao seu lema episcopal, Oboedientia et pax (obediência
e paz). Essas palavras, anotou o Arcebispo Roncalli no Diário da Alma, na véspera
de sua ordenação episcopal, são um pouco a minha história e a minha vida".
João
XXIII também ficou conhecido como artífice da paz mundial. Papa Francisco, no seu
discurso, falou desta característica do Papa Roncalli:
"Angelo Roncalli
era um homem capaz de transmitir a paz, uma paz natural, serena e cordial. Uma paz
que com sua eleição ao pontificado manifestou-se ao mundo inteiro e recebeu o nome
da bondade. Esta foi, sem dúvida, uma característica de sua personalidade, que lhe
permitiu construir amizades sólidas em todos os lugares e que se destacou de maneira
particular em seu ministério como representante do Papa, desempenhado por quase três
décadas, muitas vezes em contato comambientes e mundos distantes do universo
católico em que ele nasceu e se formou".
"Naqueles ambientes, ele se
demonstrou um tecelão eficaz de relações e um válido promotor de unidade, dentro e
fora da comunidade eclesial, aberto ao diálogo com os cristãos de outras Igrejas,
com expoentes do mundo judeu e muçulmano e com muitos outros homens de boa vontade.
Na verdade, o Papa João transmitia paz, porque tinha um coração profundamente pacificado,
fruto de um longo e árduo trabalho sobre si mesmo, trabalho que deixou traços abundantes
no Diário da Alma."
Papa Francisco destacou que a verdadeira fonte da bondade
do Papa João, da paz que difundiu no mundo, estava no seu abandono cotidiano à vontade
de Deus, o que permitiu que ele se distanciasse completamente de si mesmo e aderisse
a Cristo, deixando emergir a santidade que a Igreja depois oficialmente reconheceu:
"Este
é um ensinamento para cada um de nós e para a Igreja do nosso tempo: se nos deixarmos
conduzir pelo Espírito Santo, se soubermos mortificar o nosso egoísmo para dar espaço
ao amor do Senhor e sua vontade, encontraremos a paz, seremos construtores de paz
e difundiremos a paz ao nosso redor. Cinquenta anos após sua morte, a sábia e paterna
orientação do Papa João XXIII, o seu amor pela tradição da Igreja e consciência da
necessidade constante de renovação, a intuição profética da convocação do Concílio
Vaticano II e a oferta de sua vida por sua bondade vivida, permanecem como marcos
na história da Igreja do século XX e como um farol de luz para o caminho que nos espera".
(JE)