2013-06-18 20:10:39

Em andamento plenária da Roaco: cristãos no Iraque sentem-se isolados, diz Patriarca caldeu


Cidade do Vaticano (RV) - Iniciaram-se na manhã desta terça-feira, em Roma, os trabalhos da 86ª Assembleia plenária da Roaco (sigla em italiano da Reunião Obras Ajuda Igrejas Orientais). O evento eclesial concluir-se-á na próxima quinta-feira, dia em que os participantes da plenária serão recebidos em audiência pelo Papa Francisco.

O início dos trabalhos foi precedido pela missa celebrada na igreja de "Santa Maria in Traspontina" – situada nas adjacências do Vaticano –, presidida pelo prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais e presidente da Roaco, Cardeal Leonardo Sandri.

Participa desta assembleia também o Patriarca caldeu Raphael I Sako que, entrevistado pela Rádio Vaticano, se detém sobre a situação dos cristãos no Iraque e demais países do Oriente Médio:

Dom Raphael I Sako:- "A situação é muito complicada. Agora há um melhoramento no Irã. Na Síria e em outros países, porém, a situação iraquiana repercute. Infelizmente, o êxodo dos cristãos continua e nós nos sentimos um pouco isolados: ninguém nos apóia. O único apoio espiritual, moral e também político que podemos receber nos é dado pela Santa Sé. A reconciliação: é preciso ajudar estes cristãos a desempenhar um papel crucial na vida social e política. Isso é muito importante. Não basta uma presença diplomática somente. Existem desafios a serem enfrentados. Se o êxodo continuar, nestes países não mais existirão cristãos. É realmente uma grande perda. E por que a União Europeia ao invés de facilitar a chegada dos cristãos à comunidade europeia – o que é muito custoso –, não os ajuda a permanecer em seus países e não faz algum projeto? Estradas, alojamentos para as famílias pobres, um abrigo."

RV: O senhor atua muito em favor da reconciliação. Qual pode ser o papel dos leigos cristãos no Iraque?

Dom Raphael I Sako:- "No Oriente Médio há a mentalidade da desconfiança e isso tem muita influencia. Por vezes se ouvem coisas injustas e se levanta um muro entre as pessoas. Porém, quando se fala face a face tudo se resolve. É preciso preparar as pessoas. Inclusive o primeiro-ministro me disse: "Vocês cristãos podem fazer muito e estão preparados como cristãos". Penso que para nós seja uma grande tarefa: nós estamos ali para construir pontes, mas também precisamos ser ajudados e apoiados. Existe um diálogo com as autoridades muçulmanas, sobretudo na vida, mas há também um diálogo teológico. Talvez se tenha necessidade de todo um trabalho na mídia, para explicar a fé cristã, a tradição cristã, o papel dos cristãos e a cultura cristã."

RV: Trata-se de uma renovação do diálogo entre muçulmanos e cristãos, uma abordagem mais direta...

Dom Raphael I Sako:- "Penso que os cristãos no Oriente Médio estejam mais preparados para um diálogo "sério", não um diálogo acadêmico destes ocidentais que estudaram nas universidades, que é uma coisa teórica. Para nós há a teoria, mas também a praxe." (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.