Londres (RV) - “Que os banqueiros ingleses imitem o bom Samaritano, coloquem
no seu trabalho a pergunta “quem é meu vizinho?” e saibam dar “um limite” na busca
do lucro colocando como “objetivo o bem comum” de modo que “ninguém fique excluído
da riqueza””: Esse o apelo lançado pelo Arcebispo de Cantuária, Dr. Justin Welby,
na última quarta-feira, na Catedral de São Paulo, a uma platéia de mais de 2 mil pessoas
entre as quais muitos políticos, acadêmicos e peritos em economia.
Para apoiar
o seu apelo, o Arcebispo Welby – que nesta sexta-feira foi recebido pelo Papa Francisco
– recordou as palavras de Bento XVI contidas na Encíclica “Caritas in veritate”: “o
desenvolvimento é impossível sem homens retos, sem operadores econômicos e homens
políticos que sintam intensamente na suas consciências o apelo do bem comum”.
Justin
Welby é um perito em economia tendo trabalhado por 11 anos como administrador no setor
petrolífero, antes de ser ordenado sacerdote com uma tese sobre economia e finança.
Escolhido no último mês de fevereiro como o 150º Arcebispo de Cantuária, partilha
com o Papa Francisco a paixão pela justiça social e a luta contra a pobreza.
Na
quarta-feira à noite Welby pediu ao sistema financeiro inglês que faça um exame de
consciência, afirmando que os dirigentes das finanças devem trabalhar com “o medo
do inferno e a esperança do paraíso se desejam recuperar a reputação de Londres e
tornarem-se melhores cidadãos”.
Retomando precisamente a Doutrina Social Católica,
da qual disse várias vezes ser um grande admirador, o Primaz anglicano explicou que
“os bancos, como os indivíduos, devem se perguntar, “quem é meu vizinho?”, precisamente
como fez o bom Samaritano na Parábola do Evangelho”.
Falando sobre o crescente
abismo entre ricos e pobres, que teve aumento contínuo nos últimos 40 anos, o Primaz
anglicano explicou que “vemos profundas diferenças em termos de riqueza, mas se trata
de diferenças que podem ser eliminadas”. Para fazer isso são necessários “bons bancos”.
Sobre esse assunto foi o tema do discurso do Primaz Welby que explicou que
por “bons bancos” entendemos não “bancos perfeitos” porque “em síntese nenhum ser
humano é sem si mesmo perfeitamente bom”, mas “bancos potencialmente bons”, ou seja,
que sejam motivados pela virtude e não somente por bônus financeiros ou por limites
da lei. (SP)