Carmelitas comemoram 20° aniversário do retorno à Praga
Praga (RV) - Os Carmelitas Descalços festejam o 20° aniversário do seu retorno
a Praga. Expulsos por José II de Augsburgo em 1784, os Carmelitas tiveram que esperar
até o final do regime comunista, em 1993, para terem restituído o Santuário de Santa
Maria da Vitória, em cujo interior está, há quase seis séculos, a imagem do Menino
Jesus de Praga.
Ao retornarem ao Santuário, após decênios de perseguição religiosa,
os monges o encontraram em condições deploráveis, como contou à ‘Ajuda à Igreja que
Sofre’ o Padre Anastásio Roggero, a quem foi confiado o templo em 1993 pelo então
Arcebispo de Praga, Cardeal Miroslav Vkl.
O sacerdote descreveu o estado de
degradação em que se encontrava o santuário, contando que na sacristia existia um
piano, sobre o qual passou a ser estendida roupa, enquanto a cripta e outros locais
transformaram-se em depósito de entulhos. O altar e os bancos não podiam ser utilizados
e um dos três sinos foi retirado para fornecer metal para a construção de canhões.
“Por um milagre – conta o sacerdote -, o Menino Jesus de Praga ainda estava alí, após
ficar abandonado por tantos anos num altar lateral”.
Atualmente, mais de 1
milhão de pessoas de todo o mundo visita o Santuário de Santa Maria da Vitória para
ver Jezulàtko, o ‘Pequeno Rei’, como é chamado afetuosamente o Menino Jesus de Praga
em língua tcheca. “Após 20 anos registramos um crescimento constante no número de
fiéis que vêm de todos os continentes rezar para o Menino Jesus”, disse o sacerdote.
Entre
os tantos peregrinos especiais que visitaram o Santuário está Bento XVI, que em 2009
iniciou sua visita à República Tcheca com uma visita ao Santuário. “Para nós, receber
o Santo Padre foi um grande encorajamento”, observou o sacerdote poliglota, que celebra
missa no Santuário em dez línguas diferentes.
A devoção ao Menino Jesus de
Praga iniciou no final do século XI, durante a luta entre cristãos e mouros na Espanha.
A história conta que um dia, num mosteiro semi-destruído dos carmelitas, localizado
entre Córdoba e Sevilha, Jesus apareceu a José, um dos quatro monges sobreviventes
aos combates. Somente alguns anos depois e com uma segunda aparição, o religioso conseguiu
plasmar uma estatueta com as feições do Menino Jesus, que passou a pertencer à família
nobre Lara e Mendonza. A imagem foi doada ao convento dos carmelitas de Santa Maria
Vitória, em Praga, em 1628, por Polixena de Lobkowiccz, filha de Maria Manrique de
Lara. (JE)