IOR : Tolerância zero para a lavagem de dinheiro - a entrevista com Von Freyberg,
Presidente do Instituto
Ouça aqui...
O presidente
do Instituto para as Obras de Religião (IOR), Ernst von Freyberg, foi entrevistado
pelo nosso colega da Rádio Vaticano Bernd Hagenkord, anunciou que o banco vai começar
a publicar seu balanço na internet a partir do dia 1 de Outubro de 2013. Von Freyberg,
nomeado em 15 de fevereiro Presidente do IOR - Instituto para as Obras de Religião
pelo Conselho Cardinalício que controla o Instituto, acrescenta que o balanço será
certificado por uma consultoria internacional, atendendo às medidas demandadas pelo
Comité de Combate à Lavagem de Dinheiro do Conselho da Europa (Moneyval). Numa
entrevista que publicamos na integra mais abaixo nesta notícia, o Presidente do IOR
revela a necessidade de se comportar como qualquer outra instituição financeira, e
garante que serão feitos controlos contínuos nas cerca de 19 mil contas correntes
do Instituto. Publicamos aqui em suporte audio um extrato desta entrevista em que
Von Freyberg aborda o tema da lavagem de dinheiro e explica exactamente o que é o
IOR:
“A Santa Sé adequou-se aos padrões internacionais. Eu aplico a lei
e respeito os mais altos padrões solicitados pelos nossos bancos correspondentes.
Eu pessoalmente recebo na minha mesa todos os casos suspeitos e tenho reuniões semanais
com o responsável pelo combate à lavagem de dinheiro. Também temos uma política de
tolerância zero em relação a clientes e funcionários envolvidos em atividades de lavagem
de dinheiro”.
“O IOR é o mesmo desde que foi criado, em 1942. Ele faz
exclusivamente duas coisas: recebe depósitos dos seus clientes e salvaguarda-os. Antes
de tudo, somos um estabelecimento de tipo familiar que protege as verbas dos membros
da sua família. Os membros desta família são a Santa Sé, as entidades ligadas à Santa
Sé, a maioria das congregações com atividades no mundo, membros do clero e funcionários
do Vaticano. O segundo serviço que prestamos, ao lado da proteção e da custódia, são
operações de pagamento, ou seja, transferimos verbas para lugares onde entidades do
Vaticano ou congregações têm as suas atividades”.
“Não somos um banco.
Nós não emprestamos dinheiro, não fazemos investimentos diretos, não agimos com uma
contrapartida financeira. Nós não especulamos no câmbio ou em commodities. Recebemos
dinheiro em depósitos e investimo-lo em obrigações do governo, obrigações corporativas
e no mercado interbancário, onde depositamos com juros ligeiramente superiores, para
podermos restituir aos clientes quando eles o quiserem”.
Gosta deste trabalho,
de ter vindo de Frankfurt para Roma, e de trabalhar dentro do Vaticano? “É um
grande privilégio trabalhar no Vaticano, o ambiente é mais inspirador que se pode
imaginar: é também um grande desafio servir o Papa para restabelecer a reputação deste
Instituto”.
Como é que imaginava que seria o seu trabalho, antes de começar
aqui? “Diferente do que é. Quando eu cheguei, pensei que precisaria me concentrar
naquilo que normalmente se define como lavagem de dinheiro e depósitos indevidos.
Até agora não detectei nada. Isto não significa que não há, mas que esta não é a nossa
principal preocupação. O nosso principal ponto é a reputação do Instituto. O nosso
trabalho, ou melhor, o meu trabalho, é muito mais de comunicação do que inicialmente
pensava. E mais ainda, de comunicação dentro da Igreja. Não fizemos o suficiente no
passado. Isso começa em casa, com os nossos funcionários, com aqueles que trabalham
para a Igreja em Roma, com as pessoas da Igreja no mundo fora. Com aqueles aos quais
nós devemos primeiramente transparência e uma boa explicação sobre o que fazemos e
como tentamos servir”.
Como é possível que alguém como o sr., com
toda a sua experiência, queira trabalhar para o Vaticano, depois de todos os acontecimentos
passados no IOR? “Não é algo que se queira. Não é algo que se sonhe, sentado
em casa. Nem durante a entrevista, pensei: ‘eu realmente quero este trabalho’. Quando
fui chamado, fiquei muito feliz e aceitei o convite, e eu acredito que isto vale também
para os outros candidatos que foram entrevistados para o mesmo cargo. Uma vez aqui,
acho que é uma boa experiência, constato menos complicações e problemas do que pensava,
vendo de fora”.
Como é um dia normal de trabalho no seu escritório?
Olhando da sua janela, vê a Praça de São Pedro e, portanto, tem um ambiente de trabalho
completamente diferente do que a maioria das pessoas está acostumada. É como um dia
de trabalho no escritório de Frankfurt? “Um dia normal já começa de modo extraordinário,
porque tenho o privilégio de morar na Casa Santa Marta, e a permissão de participar
ocasionalmente da missa com o Papa. Por si só, isto já é um privilégio, estar lá às
7h da manhã e ouvir as suas breves e sempre muito comoventes homilias. No escritório,
o meu dia é estruturado em projetos. Eu sou um grande fã de enfrentar tarefas de uma
forma sistemática ‘gestão de projetos’. Nós dividimos as nossas grandes tarefas em
projetos e subprojetos e eu faço parte das comissões que impulsionam este projeto.
Dedico algum tempo todos os dias, com o diretor e o vice-diretor, para analisar os
assuntos do dia; preparo reuniões da direção. Falo dentro da Igreja, falo com jornalistas,
hoje (terça-feira) almocei com o embaixador de um dos maiores países do mundo para
lhe explicar o que estamos fazendo. Meu trabalho divide-se em gestão de projetos,
assuntos do dia e comunicação”.
Obrigado por falar também connosco. Há
quem diga que o sr. é uma espécie de diretor a meio tempo, pois não mora estavelmente
em Roma. Como interpreta isso? “Os nossos estatutos dizem que nós (a direção)
devemos encontrar-nos a cada três meses como comissão, e uma vez por mês eu deveria
avaliar os resultados económicos com o diretor-geral. Isto é o que os fundadores do
IOR imaginaram para minha posição. Quando eu fui entrevistado, pediram-me ‘de um a
dois dias por semana’; agora dedico ao trabalho para o Instituto três dias aqui em
Roma, e mais um ou dois noutras partes do mundo. Hoje, acredito que com o passar do
tempo, eu deveria me aproximar-me do que dizem os estatutos”.
Mas
por enquanto este tempo é apropriado para seu trabalho? “Ao ver os nossos desafios,
penso que precisamos de todas as horas possíveis para enfrentá-los”.
O
seu cargo está sob a supervisão de uma comissão de cardeais. Como é que isso funciona,
na prática? “Temos uma comissão de cinco cardeais, que é a máxima instância
do Instituto. Nós nos vemos a cada dois ou três meses, normalmente no âmbito da reunião
de diretoria. O diretor-geral e eu nos reunimos mensalmente com a cúpula da comissão
cardinalícia para mantê-la informada, mas também para coordenar nossas atividades”.
O seu trabalho também engloba outras agências, como empresas de consultoria?
“Sim,
existe uma agência que não é de consultoria, mas nossa supervisora, a AIF (Autoridade
de Informação Financeira). Ela é a autoridade financeira que supervisiona todas as
instituições financeiras do Vaticano. Com ela eu interajo regularmente e trabalho
de perto. Em relação a consultorias externas, contratei vários, provavelmente os
melhores consultores do mundo no combate à lavagem de dinheiro, para rever cada uma
de nossas contas, estruturas e processos e detectar a lavagem de dinheiro. Assumimos
especialistas em comunicação e um dos melhores escritórios de advocacia do mundo para
nos ajudar a compreender melhor o nosso quadro jurídico e estar em conformidade com
as leis”.
Falando de lavagem de dinheiro: imagino que existam padrões
que quer aplicar. “A Santa Sé se adequou aos padrões internacionais. Eu aplico
a lei e respeito os mais altos padrões solicitados pelos nossos bancos correspondentes.
Eu pessoalmente recebo em minha mesa todos os casos suspeitos e tenho reuniões semanais
com o responsável pelo combate à lavagem de dinheiro. Também temos uma política de
tolerância zero em relação a clientes e funcionários envolvidos em atividades de lavagem
de dinheiro”.
A respeito do banco: mesmo que o termo não seja correto,
o IOR é conhecido como o “Banco do Vaticano”, e está relacionado a uma série de mitos.
À parte isso, o que é exatamente o IOR? “O IOR é o mesmo desde que foi criado,
em 1942. Ele faz exclusivamente duas coisas: recebe depósitos de seus clientes e os
salvaguarda. Antes de tudo, somos um estabelecimento de tipo familiar que protege
as verbas dos membros de sua família. Os membros desta família são a Santa Sé, as
entidades ligadas à Santa Sé, a maioria das congregações com atividades no mundo,
membros do clero e funcionários do Vaticano. O segundo serviço que prestamos, ao lado
da proteção e da custódia, são operações de pagamento, ou seja, transferimos verbas
a lugares onde entidades do Vaticano ou congregações têm suas atividades”.
Resumindo,
não é um banco? “Não somos um banco. Nós não emprestamos dinheiro, não fazemos
investimentos diretos, não agimos como uma contrapartida financeira. Nós não especulamos
no câmbio ou em commodities. Recebemos dinheiro em depósitos e o investimos em obrigações
do governo, obrigações corporativas e no mercado interbancário, onde depositamos com
juros ligeiramente superiores, para podermos restituir aos clientes quando eles o
quiserem”.
O que existe em comum com os outros bancos é que vocês
ganham dinheiro; no final do dia existe algum lucro. Isto é intencional ou é simplesmente
algo que acontece? “Nossa missão é servir. Se fizermos bem nosso trabalho, é
provável que tenhamos um superávit. Nós contribuímos, em média, com 55 milhões de
euros no orçamento do Vaticano e é um pilar econômico importante. Agora é provável
que me você pergunte como ganhamos 55 milhões de euros. Em nossa conta existem três
elementos básicos: os juros que pagamos a quem deposita; os juros que ganhamos com
isso, e esta é a parte mais importante das entradas, e que por ano pode ficar entre
50 e 70 milhões de euros. Disso você pode deduzir nossos custos. Também
temos alguns ganhos de obrigações, cujos preços sobem e descem, e daí você chega ao
nosso lucro. Desta margem de juros e do câmbio em dinheiro de obrigações que possuímos,
temos que subtrair o custo aproximativo das operações, de 25 milhões de euros”.
Dinheiro
que vai direto, imagino, para uma conta IOR para os propósitos do Vaticano, não?” “Vai
para uma conta que é para o Vaticano.”
Hipoteticamente falando: acabo
de fundar uma congregação religiosa, eu venho até você, que serviço pode oferecer
para mim e minha congregação? “Somente dois: você pode depositar exclusivamente
dinheiro recebido de quem o sustenta; nós o guardamos de modo seguro, lhe pagamos
juros e o restituímos quando você precisar dele. Se você me disser que criou três
províncias na Ásia, África e América Latina, eu posso lhe garantir a transferência
de seu dinheiro a seus irmãos que estão fora fazendo obras de caridade, e assegurar
que o dinheiro chegue a eles, mesmo nos lugares mais remotos do mundo”.
Que
tipo de serviço é único do IOR, que um banco normal não pode providenciar? “O
que é realmente único é que nós entendemos realmente o mundo da Igreja e a sua missão.
112 pessoas trabalham no IOR, e temos 19 mil clientes. A grande maioria deles são
religiosas ou clérigos, que conhecem os funcionários do IOR há 20 ou 30 anos. Sabemos
exatamente o que eles precisam, eles têm uma pessoa de confiança aqui e este relacionamento
pessoal os traz aqui. Estamos em competição, como qualquer outra instituição
financeira do mundo. Cada um de nossos clientes é chamado, constantemente, a ir para
outros bancos. Eles ficam conosco porque querem permanecer aqui. Sabe,
se perguntarmos se ‘o IOR deve fechar’, 99,99% dos nossos clientes responderiam ‘não’.
Eles querem permanecer aqui, querem guardar seu dinheiro aqui. Eles recebem serviço
personalizado e a experiência demonstra que isto é muito seguro. O IOR é altamente
capitalizado, tem um patrimônio líquido de cerca de 800 milhões em um balanço de 5
bilhões. Isto é o dobro do que se registra em um banco fora do Vaticano. Durante a
crise financeira, nós nunca tivemos problemas. Nenhum governo teve que vir nos socorrer;
nós somos muito, muito seguros”.
O serviço especial do IOR é que seus
funcionários conhecem os clientes e a Igreja, mas com o passar do tempo, outras instituições
poderão também oferecer este tipo de serviço. Existem outros bancos, ou até bancos
católicos, por exemplo, que poderiam oferecer um serviço igual? “Eles também
podem oferecer um ótimo serviço. Não diria igual, porque cada serviço é diferente.
Muitos de nossos clientes usam provavelmente outros bancos e comparam nosso serviço
com o deles”.
Por que o Vaticano deve ter um banco? Esta é uma pergunta
muitas vezes colocada, especialmente agora, depois da eleição do Papa Francisco. Qual
a sua resposta: por que o Vaticano tem um banco, ou por que precisa de um banco? “Eu
vejo isso a partir de duas perspectivas: a primeira são os clientes. Eles nos querem
aqui. Este é o motivo pelo qual 19 mil clientes optaram por depositar seu dinheiro
aqui. A outra abordagem é se estamos fazendo um bom serviço ao Santo Padre. Com a
nossa reputação atual, nós não prestamos um bom serviço ao Santo Padre e esta imagem
desfigura a sua mensagem. E esta é a que considero a primeira e mais importante tarefa
a lidar”.
Para sair do seu canto? “Na realidade, para sair do centro
das atenções e voltar ao canto… (risos), fazer humildemente o nosso serviço e não
ficar sob os refletores o tempo todo”.
O sr. mencionou o número de clientes:
em comparação com outros bancos, é maior, menor, na média... “É minúsculo. Há
poucos bancos menores do que o nosso Instituto”.
O relatório realizado
pela autoridade AIF, que o sr. mencionou antes, indicou, na semana passada, que há
irregularidades em seis casos. Isto significa que o IOR está envolvido em comportamentos
não apropriados para um Banco do Vaticano? O que representa este número ? “Antes
de tudo, nos revela como surgem os rumores. Não são ‘ilícitos’, mas são ‘suspeitos’,
e demonstram que nosso sistema de monitoração interna começa a funcionar. Isto significa
que somos diligentes e que identificamos seis transações que pensamos possam ser inapropriadas
e as relatamos ao nosso supervisor. Quando identificamos uma transação assim, nós
imediatamente o comunicamos ao nosso supervisor AIF”.
Este é o método
da transparência da AIF e também é o vosso... “É o sistema de sinalização, aplicável
em todas as instituições dentro da Santa Sé. É o que se espera de um sistema financeiro
moderno: ter um sistema que rastreia toda transação. Não somos um banco, mas como
instituição financeira, estas normas são aplicáveis para nós. Nós rastreamos toda
transação em que detectamos comportamentos suspeitos, e os ‘Suspicious Transaction
Report’ são arquivados na AIF. Este sistema foi projetado para prevenir a lavagem
de dinheiro sujo e o financiamento do terrorismo”.
Muito se falou
a respeito da “lista branca” do OECD, o Vaticano quer ser aceite como membro desta
lista. Como o IOR contribui para isso? “Não existe uma “lista branca”. A intenção
do processo Moneyval é identificar os países e jurisdições que podem causar riscos
para o sistema financeiro global. Isto pode ser feito realizando avaliações do quadro
jurídico de cada país ou jurisdição. Países e jurisdições considerados críticos são
listados. A Santa Sé foi avaliada no ano passado, e de acordo com o relatório Moneyval,
publicado em 2012, tem um sistema funcional em ordem e NÃO é considerada uma jurisdição
crítica. Dito isto, nós somos um aspecto daquele sistema. Fomos chamados em especial,
para adotar procedimentos e estruturas mais fortes, para detectar transações suspeitas
e clientes suspeitos. Acabei de assumir a principal consultoria do mundo sobre estas
questões para reescrever nosso manual sobre como detectar transações e clientes suspeitos
e revisar todas as nossas contas. Estruturas e procedimentos estarão prontos no final
deste verão e então teremos cumprido esta parte do processo. Iremos além e vamos
rever todos os depósitos que fizermos até o final do ano”.
Existem contas
numerados no Instituto? Correm sempre boatos sobre somas supostamente enormes, anónimas? “Este
é outro bom exemplo de pura ficção. Não existem contas numeradas. Desde 1996 é tecnicamente
impossível em nosso sistema efetuar um depósito numerado. Isto seria também contrário
às leis do Vaticano. Eu mesmo verifiquei o sistema e fiz controles aleatórios, e nunca
encontrei um sinal de contas numeradas”.
Nem mesmo no passado? “Não
funcionariam no sistema”.
A respeito do relatório da autoridade máxima
AIF da semana passada, pergunto: Seria ‘transparência’ a nova palavra-chave do IOR?
“Transparência é a chave, mas não só, é importante o nosso objetivo final,
quando já se é transparente: ser completamente limpos, o necessário para ser aceitos
no sistema financeiro internacional. Transparência não é algo que o mundo sempre teve
e que agora o Vaticano precisa ter. Se olharmos 15 anos atrás, éramos provavelmente
uma instituição bastante normal, no sentido que todas as instituições financeiras
privadas e públicas operavam com base no segredo bancário. Hoje existe ainda um grande
debate na União Europeia sobre até que ponto o segredo bancário deve ir. Aí três coisas
aconteceram: o primeiro foi o 11/09, quando os estadunidenses começaram a se estender
para tentar identificar o financiamento do terrorismo. Este processo começou naturalmente
nos maiores bancos do mundo e hoje interessa inclusive os menores institutos, nas
menores nações. Isto levou dois anos. Depois vieram as mídias sociais e com a mídia
social foi-se formando na opinião pública um conceito completamente novo do sigilo,
inclusive na área de finanças. Em seguida, veio a crise financeira, a necessidade
e o desejo das autoridades fiscais de tratar de modo igual todos os contribuintes,
chamando os sonegadores de impostos às suas responsabilidades. Novamente, isto exigiu
que os institutos financeiros revertessem parte do segredo bancário. Estes
três movimentos transformaram o ambiente financeiro mundial e nós fomos tardios em
nos adaptarmos a este novo mundo. Agora, estamos correndo para chegarmos onde estávamos
15 anos atrás: em uma condição relativamente normal comparada com outras instituições
financeiras”.
Mas, como mencionou, no momento existe uma espécie de
sombra no Vaticano, que mancha a imagem do Papa e do Vaticano. Obviamente, algo está
errado ou ainda não foi colocado na prática? “Sim. Agora estamos a recuperar
a nossa reputação. E isto é a coisa mais importante que devo fazer, remover esta sombra”.
E isso é possível? “Sim, acredito que somos uma instituição financeira
limpa e bem administrada. Podemos melhorar em todos os campos, como todos nós, e estamos
tentando ser tão bons quanto os institutos semelhantes.Nós precisamos nos comunicar.
No passado não falamos com ninguém, nem mesmo com os nossos interlocutores mais próximos.
Nós não falamos com os cardeais de modo contínuo, não falamos com a cúria, não falamos
com a Igreja. É um direito de todo membro da Igreja Católica, em todo o mundo, ser
informado a respeito desta Instituição. O que sabemos hoje? Nós começamos a falar
com a mídia, a falar com a Igreja e a informar de modo continuativo nossos interlocutores
fundamentais, e publicaremos um relatório anual, como todas as instituições financeiras
deveriam fazer, e o publicaremos na internet no dia 1º de outubro, em nosso site”.
O seu contrato é de cinco anos, não? “Para ser preciso, entrei
no meio do contrato. O meu contrato termina em 2015.”
Em 2015, o que
é que consideraria ser um sucesso? “O meu sonho é muito claro. O meu sonho
é que nossa reputação seja tal que as pessoas não pensem em nós quando se fale do
Vaticano, mas que ouçam apenas aquilo que diz o Papa”.