2013-05-28 17:51:46

Padre Pino Puglisi, mártir da Máfia, beatificado em Palermo


RealAudioMP3 “Mártir, autêntico pastor segundo o coração de Jesus, semeador evangélico de perdão e reconciliação”: referimo-nos ao padre Giuseppe Puglisi, italiano, pároco num bairro popular de Palermo, na Sicília, assassinado pela Máfia há 20 anos e beatificado domingo passado naquela mesma cidade siciliana. Umas 100 mil pessoas participaram no rito da beatificação, presidido – como enviado do Papa - pelo arcebispo emérito de Palermo, cardeal De Giorgi, que em 1999 deu início ao processo de beatificação.
Um vibrante aplauso da parte dos presentes, de pé, acolheu a imagem sorridente do Padre Puglisi quando, concluído o rito da beatificação, na parte inicial da missa, foi descoberta uma sua grande foto. A missa foi celebrada pelo actual arcebispo de Palermo, cardeal Paolo Romeo, que fez a homilia.
Comentando o Evangelho segundo São João, em que Jesus fala da semente que dá tanto fruto quando é enterrada na terra. Uma imagem que sintetiza bem toda a existência do beato Puglisi. Nos 33 anos da sua vida sacerdotal, ele foi o grão de trigo que aceitou morrer um pouco em cada dia dando-se a tempo inteiro, por Cristo, sem reservas. Uma mensagem destinada hoje em dia especialmente aos jovens, que se esforçam por construir o futuro, às famílias em dificuldade, aos doentes, a quem se encontra em fase de discernimento vocacional. Porque – sublinhou o cardeal Romeo – a vida tem valor só se estamos dispostos a partilhá-la com os outros.

Padre Puglisi (prosseguiu) foi “servo, pastor e pai, sobretudo para com os seus predilectos”: as crianças, os últimos, os pobres. “Pessoas muitas vezes longe das devoções e das sacristias”, para as quais ele foi “um pai discreto no acompanhamento e na escuta generosa”. Como pároco, padre Puglisi via-se rodeado de crianças e jovens quotidianamente expostos a uma falsa “paternidade”, mesquinha, a da Máfia do bairro, que roubava dignidade e dava morte em troca de protecção e apoio”. Foi por isso que “a sua acção visava tornou presente um outro pai, “o Pai nosso”. Esse o sentido do nome dado ao “Centro Pai nosso”, casa de acolhimento e estrutura de pastoral paroquial, “para viver a missão ao serviço da pessoa na sua totalidade”. E desse modo o pároco mártir subtraía à Máfia daquele bairro consenso, predomínio, controlo do território”.
De facto – prosseguiu corajosamente o cardeal Romeo – “os mafiosos, que muitas vezes se dizem e se mostram como crentes, accionam mecanismos de prepotência, de injustiça, de rancor, de ódio, de violência e de morte”. O purpurado recordou, a propósito, outras vítimas da Máfia siciliana, como os juízes Rosario Livatino, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino: “A acção assassina dos mafiosos revela a sua verdadeira essência: recusam o deu da vida e do amor”. Palavras sublinhadas por um longo aplauso dos fiéis. O cardeal recordou também o grito de João Paulo II no Vale dos Templos (em Agrigento, na Sicília), a 9 de maio de 1993: “Convertei-vos, um dia virá o juízo de Deus”.
O martírio de padre Puglisi – sublinhou ainda o arcebispo de Palermo – “não só interpela quem se dá ares de religiosidade exterior, condescendendo com o mal, mas impulsiona-nos a todos a enfrentar todas as formas de mal no mundo professando uma fé firmemente fundamentada sobre a Palavra e realizada na caridade. A nossa fé só vencerá se for testemunhada, sintetizando ao mesmo tempo evangelização e promoção humana – concluiu o cardeal Romeo, citando o novo Beato.

Domingo, ao meio-dia, depois da recitação do Angelus, o Papa Francisco recordou a beatificação, na véspera, de Padre Puglisi…
“Padre Puglisi foi um sacerdote exemplar, dedicado especialmente à pastoral juvenil. Educando os jovens segundo o Evangelho, subtraía-os à vida mafiosa, e foi por isso que trataram de o eliminar, assassinando-o. Na realidade, porém, foi ele que venceu, com Cristo Ressuscitado.”
O Santo Padre evocou “os muitos sofrimentos de homens e mulheres, e mesmo de crianças, que são explorados pelas tantas máfias, que os exploram fazendo-os realizar um trabalho que os tornar escravos – com a prostituição, com tantas pressões sociais.
“Por detrás destas explorações, destas escravaturas, estão as máfias. Rezemos ao Senhor para que converta o coração destas pessoas. Não podem fazer isto! Não podem fazer de nós – irmãos – escravos! Temos que rezar ao Senhor! Rezemos para que estes mafiosos e estas mafiosas se convertam a Deus. E louvemos o senhor pelo luminoso testemunho de padre Giuseppe Puglisi e façamos tesouro do seu exemplo!”








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