A oração das crianças da Primeira Comunhão pelo Papa Francisco
Cidade do Vaticano (RV) - A primeira visita do Papa Francisco a uma paróquia
romana deixou muitas palavras e muitos gestos que ficarão impressos na memória. A
visita do Bispo de Roma, neste domingo, a uma de suas paróquias foi um encontro vivido
com sentimento de grande participação no qual, entre outras coisas, o Santo Padre
deu a Primeira Comunhão a 16 crianças.
Em particular, impressionou o seu inclinar-se
diante das crianças pedindo a oração e a bênção delas. O pensamento voltou-se para
13 de março, dia de sua eleição à Cátedra de Pedro, quando, do Balcão Central da Basílica
Vaticana, se apresentou ao mundo pedindo a oração dos fiéis para que Deus o abençoasse.
A
esse propósito, entrevistado pela Rádio Vaticano, o biblista Mons. Roberto Penna,
docente na Pontifícia Universidade Lateranense, falou-nos sobre a origem e o valor
da bênção, que a Igreja indica entre os sacramentais, ou seja, gestos sacros:
Mons.
Roberto Penna:- "Existe na origem uma prática judaica, não grega, não romana,
mas judaica, em que a bênção é dada por Deus e também a Deus. No primeiro caso, é
típico do texto do Livro dos Números, capítulo 6º (versículos 24-26), uma fórmula
que creio seja inclusive conhecida, na qual diz: "O Senhor te abençoe e te guarde!
O Senhor faça resplendecer o seu rosto diante de ti e te seja benigno! O Senhor mostre
para ti a sua face e te conceda a paz!" Esse é um texto belíssimo. Há, porém, em particular
no culto da sinagoga, a bênção a Deus, não no sentido que se queira fazer a Deus um
favor ou auspiciar-lhe o bem, mas no sentido de reconhecer o seu ser diferente, a
sua superioridade, o seu dinamismo salvífico. Deus é bendito porque Ele é meu amigo
– digamos em termos muito simples –, em que a bênção equivale quase a um agradecimento."
RV:
O Papa Francisco inclinou a cabeça diante das crianças, como para pedir-lhes uma bênção.
Que valor pode ter a mais – por assim dizer – a bênção dos puros de coração?
Mons.
Roberto Penna:- "É um pedido paterno, que expressa a comunhão dele com as crianças
e aprecia a relação delas consigo, com ele, com o Papa. É uma bênção pura, fresca,
que não pode deixar de fazer bem."
RV: O Papa Francisco nos pede que não
sejamos cristãos engomados, cristãos de museu, cristãos com tempo limitado, pede-nos
também bênçãos – como a pedir-nos que sejamos cristãos vivos, verdadeiros...
Mons.
Roberto Penna:- "Exatamente. E na medida em que esta bênção implica, não somente
uma relação antropológica em nível de pura relação humana, mas implica e requer a
bênção de Deus mesmo em Jesus Cristo. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos abençoou." (RL)