Repensar a solidariedade - Papa Francisco com os membros da Fundação "Centesimus Annus
Pro Pontifice"
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No final da
manhã Papa Francisco reuniu-se com os membros da Fundação Centesium Annus Pro Pontifice.
Na ocasião o Santo Padre recordou a missão desta fundação instituida pelo Beato João
Paulo II com a missão de reflectir e agir no âmbito da Doutrina Social da Igreja.
E, desde logo, interrogou-se:
"O que significa "repensar a solidariedade?".
Certamente não significa pôr em discussão o recente magistério que, na verdade, mostra
cada vez mais a sua clarividência e actualidade. Muito pelo contrário "repensar" acho
que significa duas coisas: antes de tudo, combinar o magistério com a evolução socioeconómica
que, por ser constante e rápida, apresenta aspectos sempre novos; e em segundo lugar,
"repensar" quer dizer aprofundar, reflectir ulteriormente, para fazer emergir toda
a fecundidade de um valor - a solidariedade, neste caso – que em profundidade provém
do Evangelho, ou seja de Jesus Cristo, e portanto como tal contém potencialidades
inesgotáveis."
Colocando em destaque a actual crise económica que torna ainda
mais necessário este repensar da solidariedade, não deixou de salientar o maior problemas
de todos:
"É um fenómeno, esse do desemprego – da falta e da perda do trabalho
- que se está espalhando como fogo em grandes áreas do Ocidente e que está alargando
de forma preocupante os limites alarmantes da pobreza. E não existe pior pobreza material,
gostaria de salientá-lo, do que aquela que torna impossível ganhar o próprio pão e
priva da dignidade do trabalho. Praticamente esse "algo que não funciona" já não diz
respeito apenas ao Sul do mundo, mas a todo o planeta. Daí a necessidade de "repensar
a solidariedade" não mais como simples assistência em relação com os mais pobres,
mas como um repensamento global de todo o sistema, como busca de caminhos para reformá-lo
e corrigi-lo de forma coerente com os direitos fundamentais do homem, de todos os
homens."
Fazendo várias referências ainda à crise actual e citando mesmo a
encíclica de Bento XVI Caritas in Veritate, o Papa Francisco terminou com um desejo
para o futuro:
"Devemos retornar à centralidade do homem, a uma visão mais
ética da actividade e das relações humanas, sem o medo de perder alguma coisa."