Papa Francisco: "A solidariedade não é uma 'esmola' social"
Cidade do Vaticano (RV) – Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado cerca
de 500 pessoas integrantes da Fundação Centesium Annus Pro Pontificie : leigos que
se empenham em aprofundar e difundir, na sociedade, na economia e no trabalho, o magistério
social.
A Fundação Centesimus Annus foi instituída pelo Beato João Paulo II
há vinte anos, e seu âmbito de reflexão e ação é a doutrina social da Igreja. Seus
membros participaram do congresso internacional que teve o tema “Repensar a solidariedade
para o emprego: Os desafios do século XXI”.
“O que significa repensar
a solidariedade?” – perguntou Francisco aos presentes. “Para mim – respondeu
– significa duas coisas: conjugar o magistério com a evolução sócio-econômica;
e refletir para fazer emergir a fecundidade do valor da solidariedade”.
Para
o Papa, a atual crise econômica e social torna ainda mais urgente este “repensar”,
porque o fenômeno do desemprego está estendendo de modo preocupante os confins da
pobreza. “Alguma coisa não está funcionando em todo o planeta, e não só no sul do
mundo”, alertou.
“Repensar a solidariedade não é simplesmente ajudar os
mais pobres, mas repensar globalmente em todo o sistema: como reformá-lo, como corrigi-lo
em modo coerente com os direitos fundamentais do homem, de todos os homens. A esta
palavra, “solidariedade”, não bem vista pelo mundo financeiro, é preciso restituir
a sua merecida cidadania social".
O Papa voltou a falar sobre a crise.
Segundo ele, a atual não é somente uma crise econômica, pois tem raízes éticas e antropológicas:
“Seguir os ídolos do poder, do lucro, do dinheiro, passando por cima do valor da
pessoa humana, é hoje uma norma fundamental de funcionamento e um critério de organização.
Esquece-se que acima dos negócios, da lógica e dos parâmetros do mercado, está o ser
humano, com a sua dignidade profunda”.
“Devemos recuperar a centralidade
do homem e termos uma visão mais ética das atividades e dos relacionamentos humanos,
sem medo de perder nada”, concluiu. (CM)