"Vivemos a crise do capitalismo selvagem", afirma Francisco
Cidade do Vaticano (RV) – “Um sincero obrigado”: assim o Papa Francisco definiu
sua visita, na tarde desta terça-feira, à Casa Dom de Maria, administrada pelas Missionárias
da Caridade.
“Vocês são a mão de Deus que sacia a fome de todo ser vivo”, disse
o Pontífice em seu discurso, citando o Salmo, ao refletir sobre as três palavras que
dão o nome ao lugar: casa, dom e Maria.
Esta estrutura é uma casa, disse Francisco,
que tem em João Paulo II e em Madre Teresa de Calcutá suas origens, 25 anos atrás.
Casa é um lugar de acolhimento que representa a riqueza humana mais preciosa – um
lugar decisivo na vida, onde a vida cresce e pode se desenvolver, um lugar onde cada
pessoa aprende a receber e doar amor.
“Na fronteira entre Vaticano e Itália,
esta casa é um forte chamado a todos nós, à Igreja, à Cidade de Roma, a ser sempre
mais família, abertos ao acolhimento, à atenção e à fraternidade.”
Já a palavra
“dom” define a identidade desta casa – pois doa acolhimento, apoio material e espiritual.
Seus hóspedes, provenientes de todo o mundo, também são um dom para esta Casa e para
a Igreja: “Vocês nos dizem que amar a Deus e ao próximo não é algo de abstrato, mas
de profundamente concreto. Vocês doam a possibilidade aos que aqui trabalham de servir
Jesus em quem está em dificuldade, em quem precisa de ajuda. Todos devemos recuperar
o sentido do dom, da gratuidade e da solidariedade. Um capitalismo selvagem ensinou
a lógica do lucro a todo custo, do dar para obter, da exploração sem olhar para as
pessoas.... e os resultados nós vemos na crise que estamos vivendo. A música desta
Casa é o amor”.
Por fim, a última característica: ela se qualifica como um
dom “de Maria”. A Virgem Santa fez de sua existência um incessante e precioso dom
a Deus. “Maria é um exemplo e um estímulo para aqueles que vivem nesta Casa, e para
todos nós, a viver a caridade para com o próximo não como uma espécie de dever social,
mas partindo do amor de Deus, da caridade de Deus.”
O encontro realizou-se
no pátio situado entre a Casa Dom de Maria, o Prédio do ex-Santo Ofício e o adro da
Sala Paulo VI.
O Pontífice foi acolhido com uma guirlanda de flores, segundo
o costume indiano, que as Irmãs colocaram em seu pescoço.
Estavam presentes
mais de cem pessoas, entre hóspedes e colaboradores. Após o discurso, Francisco saudou
os presentes um por um.
As mulheres acolhidas na Casa são cerca de 25, e os
homens que ali se alimentam diariamente são cerca de 60.