Igreja e Comunicação, ontem e hoje - uma conferência de Pacheco Gonçalves - ouça aqui
Ouça aqui...
Durante este
mês de Maio ocorrem os 100 anos do jornal "A Ordem", periódico português de informação
religiosa. Este jornal nascido na Diocese do Porto em condições muito difíceis em
tempos de perseguição à Igreja durante a implantação da República em Portugal, resolveu
convidar o nosso colega Padre Pacheco Gonçalves para proferir uma conferência subordinada
ao tema: "Igreja e Comunicação, ontem e hoje: exigências, dificuldades e desafios."
Dom Manuel Clemente, Bispo do Porto presidiu ao evento que juntou mais de uma
centena de pessoas no Auditório da Associação Católica da cidade do Porto no dia 4
de Maio e, logo no início da sua comunicação, Pacheco Gonçalves sugeriu a ambiência
da sua abordagem toda ela proferida no espírito da Constituição Pastoral "Gaudium
et Spes".
Desta forma, segundo Pacheco Gonçalves existe, desde sempre, uma
profunda tensão entre a verdade e a liberdade. Uma dualidade de complexa cohabitação
e de difícil elaboração no vida da Igreja. É o desafio que foi apontado nesta conferência.
E
assim, Pacheco Gonçalves dissertou de forma históricamente organizada e com uma admirável
profusão de pormenores e informações sobre as principais experiências de comunicação
de Igreja desde a viragem de Guttenberg no século XV até ao actual momento das redes
sociais da comunicação instantânea. Uma apresentação que percorre acontecimentos,
personalidades e documentos como, a invenção da imprensa, Lutero ou o primeiro Index
de Livros proibidos do Papa Paulo IV em 1557. Ou mais recentemente a fundação do L'Osservatore
Romano, as encíclicas de Leaõ XIII e a criação da Rádio Vaticano por Pio XI. E tudo
isto preparou Pacheco Gonçalves, não só para contextualizar e relatar mas, sobretudo,
para encontrar o fio condutor da história que nos levou a esse momento fundamental
dos últimos e dos próximos séculos: O Concílio Vaticano II.
A Comunicação da
Igreja, segundo o Padre Pacheco Gonçalves deverá continuar a ser fiel ao Evangelho
e à tradição mas sem imposições no campo da fé, promovendo, pelo contrário o debate
e a livre circulação da informação. A Igreja não deverá procurar a proteção de interesses
económicos, mantendo-se lúcida e capaz de resistir à tentação de produzir formatos
e conteúdos bem preparados técnicamente mas, despidos de ardor evangélico e sentido
apostólico. Só assim, disse ainda a terminar Pacheco Gonçalves, poderá a Igreja evitar
a superficialidade, "não ficando numa comunicação de sentido único, auto-referencial
e com um centro único ligado ao poder..." Um grande desafio para o futuro dos meios
de comunicação da Igreja.