Carta dos Direitos da Família é reeditada ao completar 30 anos
Cidade do Vaticano (RV) - A Carta dos Direitos da Família, publicada pela Santa
Sé em 22 de outubro de 1983, completará 30 anos. Marcando este aniversário, o documento
foi reeditado pela Livraria Editora Vaticana.
A reedição, feita sob os cuidados
do Pontifício Conselho para a Família, traz uma Nota de apresentação e um Comentário
do presidente do Dicastério vaticano, o Arcebispo Vincenzo Paglia. À venda em quatro
línguas (italiano, francês, inglês e espanhol), o volume terá as versões em polonês
e árabe.
Trinta anos não "diminuíram a atualidade" de um dos mais bonitos documentos
de alcance internacional das últimas décadas", escreve Dom Paglia. Certamente, não
se trata de um "documento assegurador" a ser arquivado e confiado aos historiadores,
mas "inquietador", no sentido que hoje relido "nos provoca".
De fato, acrescenta
o presidente do Pontifício Conselho para a Família, vivemos "uma aceleração sem igual
da história", testemunhas de "um dúplice frenesi" que tem em seu centro justamente
a família, comumente considerada a instituição "mais sólida" e "sem igual", abalada
em seus fundamentos: de um lado, reconfirmada em seu "valor", de outro, alterada em
sua "identidade". Devemos refletir mais sobre isso, observa Dom Paglia.
A Carta
– emanação da Declaração universal dos direitos humanos, feita pela ONU em 1948, em
que se reconhece a família como "núcleo natural e fundamental da sociedade" – oferece-nos
hoje uma base adequada para uma elaboração conceitual em nível "psicológico, moral,
cultural e religioso".
Passado o tempo em que a família era imputada, sob hipótese
de uma revolução do viver privado, hoje – explica Dom Paglia – não se nega nem se
refuta a família, mas se aceita que junto a esta coexistem outras formas de vida e
experiências relacionais, "aparentemente compatíveis com ela, mas que na realidade
provocam a sua desagregação".
Não somente tolerar, mas legitimar todo estilo
de vida, está levando – adverte o prelado – "a modelar o viver social segundo paradigmas
caracterizados por um individualismo que não tem somente natureza psicológica (...),
mas inéditas conseqüências sócio-relacionais".
Não é um problema doutrinário
ou acadêmico. "O que está em questão não é o pensado e nem mesmo o pensável em tema
de família: é, sobretudo, o que é vivido ou, melhor dizendo, o vivível. O que o que
está em questão é a própria experiência que torna humana a nossa vida cotidiana."
(RL)