2013-05-20 16:46:06

Secretário de João XXIII faz analogia entre Roncalli e Papa Francisco


Cidade do Vaticano (RV) - O ex-Secretário do Papa João XXIII, Arcebispo Loris Capovilla, em entrevista ao 'Vatican Insider', fez uma analogia dos pensamentos e ações entre o Papa Roncalli e o Papa Francisco.

Perguntado se ficou surpreendido pela insistência de Bergoglio em definir-se como 'Bispo de Roma', afirmou que João XXIII fazia o mesmo. “Desde o instante em que foi eleito – observou - esclareceu ao Cardeal Decano que não ficaria prisioneiro no Vaticano e que entre os fiéis agiria com a missão de Bispo de Roma. Depois de 70 anos de dificuldades sucessivas à unidade da Itália, Roncalli retomou a atividade pastoral na cidade de Roma, levou a Basílica de São João os escritórios do Vicariato e no Palácio Latrão (sede de seis concílios ecumênicos) fez organizarem dois quartos para que 'o Papa possa repousar na sua casa'”.

Explicando o porquê de ambos terem escolhido visitar Assis, Capovilla disse que Assis “é a cidade do Santo e a morada do Papa. Para sair de Roma João XXIII escolheu Assis e atravessou de trem os antigos domínios pontifícios: não como príncipe deposto, mas como pai. Havíamos previsto diminuir a velocidade nas estações, mas na 'vermelha' Terni das siderúrgicas, apesar de as escolas e fábricas terem permanecido abertas, os estudantes e os operários estavam todos aguardando João e aproximavam-se do trem para saudá-lo com um calor indescritível. Todo o percurso de Roma até Ancona – continuou o Secretário de João XXIII -, foi um rio ininterrupto de gente. Ao longo das estradas, nos trens, em cima das árvores. A um certo ponto da viagem, comovido e feliz, o Papa me disse: “Veja Loris, esta é a Itália, estes são os italianos que saúdam o velho pai que não tem outra coisa a lhes oferecer que não a sua bênção”.

Perguntado se via Papa Francisco nos mesmos passos de Roncalli, afirmou que os dois tem “o mesmo ímpeto” em relação às pessoas. Ele recordou que no último mês de vida de João XXIII as periferias de Roma estavam repletas de fiéis. “Alí inventaram para ele o título de 'Papa Bom', que fez torcer o nariz aos céticos que perguntavam: “E por que. Os outros Papas eram ruins?”. “O povo o via como um filho saído do trono de Pedro. Francisco foi acolhido universalmente como uma mensagem viva de diálogo e de fraternidade. Ele une a sede de partilha, a busca de uma solução para o homem”.

Capovilla conta que Roncalli, antes de morrer repetia: “Eu não mudei nada, recito agora as mesmas orações e o mesmo credo de quando era criança, mas agora começo a entender melhor o Evangelho”. “Francisco como João XXIII, onde quer que colocassem os pés, colocam também o coração. E as pessoas os entendem”.

O ex-secretário de João XXIII, disse que o exemplo que Bergoglio está dando no contato com o próximo é o que mais o faz recordar de João XXIII: “Quando olha alguém não lhe pergunta se é cristão, Chefe de Estado ou pessoa humilde. Para ele, cada um traz na testa o selo de Deus, por isto é amado. E, se depois, a pessoa acolhe Jesus, tanto melhor. Francisco – afirma – leva o Evangelho, não julga. Ver irmãos em luta não tem a ver com uma civilização cristã. É um sinal que está passando também para a sociedade. Na Igreja e na política existe a necessidade de um espírito de reconciliação e de colaboração que evidencie aquilo que une, antes que aquilo que divide. É esta a grande lição de João e Francisco”. (JE)








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