Novidade, harmonia e missão: Papa Francisco na homilia da Eucaristia de Pentecostes
na Praça de São Pedro
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Imensa a multidão
participa, neste domingo de Pentecostes, na Praça de São Pedro, a Missa presidida
pelo Papa Francisco, com mais de 200 mil peregrinos de variados movimentos e realidades
eclesiais, provenientes de tantos países do mundo. Uma grande diversidade de línguas,
povos e nações, irmanados na unidade da fé da Igreja. A iniciativa deste encontro
partiu do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, no âmbito do Ano da Fé, desejado
por Bento XVI. Novidade, harmonia e missão foram os três aspectos da acção
do Espírito sublinhados pelo Papa na homilia. “A novidade causa sempre um pouco
de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós
a construir, programar, projectar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as
nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de
Deus.” Muitas vezes – sublinhou o Papa - seguimos e acolhemos Deus só até certo
ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que
o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões. “Temos medo
que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente
limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história
da salvação, quando Deus Se revela traz novidade, transforma e pede para confiar totalmente
n’Ele”. Não se trata – esclareceu o Papa - de seguir a novidade pela novidade,
a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso
tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza,
o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e
quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos a nós mesmos: “Permanecemos abertos às «surpresas
de Deus»? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos
para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa
fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento?” Passando
ao segundo ponto – a harmonia, o Papa Francisco observou que “à primeira vista o
Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas,
dos dons. Mas não. Sob a sua acção, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito
Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do
todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo… Só Ele pode suscitar
a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade.” “Quando
somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos
nossos exclusivismos (observou o Papa), trazemos a divisão; e quando somos nós a querer
fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade,
a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza,
a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver
a variedade na comunhão da Igreja”. E aqui o Papa deixou uma advertência contra o
risco de abandonar a comunidade eclesial para seguir “caminhos paralelos”: “O caminhar
juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério
especial – é sinal da acção do Espírito Santo; uma característica fundamental para
cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade”. Finalmente, sobre
a missão, Francisco recordou que “os teólogos antigos diziam: a alma é uma espécie
de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a
frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo,
sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo – insistiu - faz-nos entrar
no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja
auto-referencial, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para
anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do
encontro com Cristo.” “O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém,
há quase dois mil anos, não é um facto distante de nós, mas um facto que nos alcança
e se torna experiência viva em cada um de nós… É o Espírito Paráclito, o «Consolador»,
que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue
o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim
de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós
mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão.”No
final da Eucaristia do Domingo de Pentecostes o Papa Francisco recitou a oração do
Regina Caeli e dirigiu-se a todos os Movimentos, Associações e Comunidades eclesiais
que durantes os dias de Sábado e Domingo celebraram na Praça de São Pedro a Festa
do Pentecostes. O Santo Padre referiu-se mesmo a um Cenáculo ao ar livre que reviveu
a experiência da Igreja nascente em oração com Maria Mãe de Jesus, também na diversidade
dos carismas.
" Revivemos a experiência da Igreja nascente, em oração com
Maria, Mãe de Jesus. Também nós, na variedade dos carismas, experimentamos a belezaz
da unidade, de ser uma coisa só. E isto é obra do Espirito Santo, que cria sempre
de novo a unidade da Igreja."
O Santo Padre agradeceu a todos os que participaram
nas celebrações do fim-de-semana, Vigília e Eucaristia, agradecendo sobretudo aqueles
que que vieram a Roma vindos de tantas partes do mundo. "Levai a força do Evangelho!
Tende sempre a alegria e a paixão pela comunhão na Igreja! Que o Senhor esteja sempre
convosco e que a Nossa Senhora vos proteja!"
O Papa Francisco recordou ainda
duas intenções especiais da sua oração: " Recordemos em oração as populações
da Emilia-Romagn que no dia 20 de Maio do ano passado foram atingidas pelo terramoto.
Rezo também pela Federação Italiana das Associações de Voluntariado em Oncologia."