2013-05-16 18:29:36

Bispo auxiliar de Buenos Aires: o estilo do Papa Francisco, uma Igreja no meio do povo


Cidade do Vaticano (RV) - Pouco mais de dois meses atrás, 13 de maio, o então arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, era eleito à Cátedra de Pedro. O seu sorriso, a sua espontaneidade e o seu fazer-se próximo para testemunhar Jesus Cristo tomaram corpo, de vários modos, nestes dois meses, nos seus gestos e nas suas palavras, que muito impressionaram o mundo.

Uma das pessoas que bem conhece o Papa Francisco, há 21 anos, é o bispo auxiliar de Buenos Aires, Dom Eduardo Horacio García.

A Rádio Vaticano perguntou o que mais o impressionou nestes anos sobre o Cardeal Bergoglio:

Dom Eduardo Horacio García:- "O que talvez mais tenha me impressionado é a sua discrição diante de qualquer evento: buscar não o lugar de mais destaque, mas o mais simples. Inclusive quando se tornou vigário-geral da arquidiocese, o cargo mais importante após o do arcebispo, manteve essa conduta de não sobressair-se. O que mais me impressiona é que se trata de uma pessoa com tamanha discrição, mas com uma profundidade espiritual tão forte, tão grande."

RV: "Ternura" e "misericórdia" são duas palavras importantes para o Papa Francisco. Usou a palavra "misericórdia" no primeiro Angelus, e "ternura" na missa de início solene de seu Pontificado. A seu ver, são dois traços fundamentais do Papa Francisco?

Dom Eduardo Horacio García:- "Sim, creio que definam também a sua relação com Deus. Ele experimenta a misericórdia de Deus, experimenta a ternura de um Deus que se aproxima de nós com o calor de um pai e de uma mãe, porque têm este olhar de ternura, o coração deles é tão simples e são capazes de exercer essa misericórdia, que é perdão, companhia, ajuda. Creio que estas palavras definiram uma grande quantidade de suas mensagens e também de suas ações. Durante o período passado em Buenos Aires, como arcebispo, buscava sempre conciliar as situações, sem jamais levá-las ao extremo, porque a sua experiência é que Deus nos acompanha, nos segue, nos sustém, conhece os nossos tempos e espera sempre uma resposta, uma mudança, uma atitude nova."

RV: A visão que tem de seu ministério, pode-se conceber como um serviço ao povo de Deus?

Dom Eduardo Horacio García:- "Creio que antes de concebê-lo como um serviço, ele veja o seu ministério como uma paternidade, porque experimenta a paternidade de Deus como pai para com o povo de Deus. Portanto, quando se ama com este coração de pai, pode servir de maneira simples. De fato, se experimenta essa paternidade de Deus, experimenta também esta paternidade para com o seu povo. O serviço nasce, justamente, da paternidade."

RV: Na primeira audiência geral, o Papa Francisco exortou a Igreja a ir às periferias da existência humana e a abrir as portas das paróquias. O que isso significa e, nesse sentido, o que ele fez em Buenos Aires, por exemplo?

Dom Eduardo Horacio García:- "Claramente, é um caminho que estamos percorrendo em Buenos Aires nos últimos dez anos. Uma Igreja que sai é uma Igreja que está onde as pessoas estão. Uma das propostas da pastoral da nossa Igreja se dá durante a Semana Santa quando as pessoas fazem da cidade um santuário, onde se experimenta a presença de Deus. Saímos pelas ruas para mostrar a fé com os nossos gestos, com uma atitude missionária. Para o Papa Francisco a nova evangelização tem um nome: missão. Como na origem da Igreja, é preciso estar onde as pessoas estão, partilhando a vida e ali manifestando o nosso sentir e o nosso crer: uma Igreja com as portas abertas não somente para receber quem vem, mas para ir ao encontro das pessoas; não para capturar as pessoas, mas para contagiá-las com a experiência da fé."

RV: Portanto, o Papa Bergoglio deseja que a Igreja em si e que os cristãos como tais vivam sempre uma dimensão missionária em dois sentidos: caminhar juntos e anunciar Jesus Cristo, com uma atitude constante...

Dom Eduardo Horacio García:- "Como uma coisa que vale sempre. É preciso pensar em toda a nossa atividade de Igreja e também em nossa vida cristã nesta dimensão missionária, e não somente numa dimensão íntima da fé. Portanto, pensar na vida habitual da nossa paróquia, pensar na catequese, na liturgia, na ação social, nessa dimensão missionária, que é fundamentalmente encontro com os outros. E o anúncio se dá neste encontro, porque quando se encontra alguém, cada um traz aquilo que tem e aquilo que é. Quando saímos para encontrar os outros, se cremos verdadeiramente, a fé se manifesta. O que vemos do Papa Francisco é aquilo que ele é, ele mostra aquilo que sempre viveu como sacerdote, como bispo entre nós, e é isso que torna seus gestos tão genuínos. Como Papa está fazendo aquilo que sempre fez como sacerdote, como bispo, com esse dom que o Senhor lhe deu neste momento: a graça de uma alegria que se nota, uma alegria muito evidente." (RL)







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