Enzo Bianchi sobre visita de Bartolomeu I à Comunidade de Bose: o ecumenismo não é
uma opção
Torino (RV) - A esperada visita do Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu
I, na tarde desta terça-feira, à Comunidade monástica de Bose – noroeste da Itália
–, foi marcada pela oração. A Rádio Vaticano entrevistou o prior da Comunidade monástica,
Enzo Bianchi, que nos falou, entre outras coisas, sobre os temas no centro do encontro:
Enzo
Bianchi:- "A situação das nossas Igrejas, dos diálogos bilaterais existentes entre
Igreja Católica e Igrejas ortodoxas, bem como a instituição da faculdade teológica
de Calchi, onde o atual Patriarca gostaria que houvesse também a nossa presença no
ensino, e o Sínodo pan-ortodoxo, que mesmo em meio a dificuldades o Patriarca busca
como um evento necessário, sobretudo para os ortodoxos, em vista da unidade de todas
as Igrejas."
RV: Qual o significado deste encontro com o Patriarca ecumênico
Bartolomeu I:
Enzo Bianchi:- "Esta é a quarta vez que o Patriarca
Bartolomeu I visita a Comunidade. Há uma profunda união entre a nossa Comunidade e
o Patriarcado de Constantinopla. A nossa simples e pobre ação ecumênica teve sempre
a possibilidade de estar em sintonia com a ação ecumênica do Patriarcado. Há intercâmbios
contínuos que são também intercâmbios, sobretudo, com os mosteiros ortodoxos da Grécia
e das outras Igrejas."
RV: E quais são os frutos desses intercâmbios?
Enzo
Bianchi:- "Para nós, certamente, a presença de muitos nossos monges nos mosteiros
ortodoxos. Os nossos irmãos podem ir ao Monte Athos e eles, do Monte Athos, veem até
nós, passam por nosso mosteiro. Portanto, há um intercâmbio de dons. Ajudamo-nos reciprocamente
a respirar com os grandes pulmões da espiritualidade do Oriente e do Ocidente. Ademais,
fazemos de modo que a Comunidade monástica de Bose seja também um lugar em que os
ortodoxos, entre si, possam se sentir como na casa deles. E isso se dá todos os anos,
particularmente num Simpósio sobre a espiritualidade ortodoxa do qual participam todas
as Igrejas ortodoxas, com delegações de teólogos, de bispos e de monges, para um diálogo
frutuoso, a fim de que realmente se possa entrever a comunhão entre todos os cristãos."
RV:
A Comunidade de Bose é um lugar onde realmente se pode respirar, profundamente, o
diálogo ecumênico...
Enzo Bianchi:- "Nós buscamos isso. Somos uma
simples comunidade, uma comunidade monástica de noventa monges e monjas que vivem,
sobretudo, rezando e trabalhando. Somos uma realidade muito simples, mas certamente
muito convicta de que o ecumenismo não é uma opção, mas que faz parte da atitude que
o cristão deve ter, vivendo o seguimento do Senhor." (RL)