Madre Lupita, primeira santa mexicana, será canonizada no domingo
Cidade do México (RV) - A religiosa mexicana Maria Guadalupe García Zavala,
conhecida como Madre Lupita, será canonizada no próximo domingo, na Praça São Pedro,
no Vaticano, tornando-se a primeira santa do país.
A religiosa nasceu em Zapopan,
Estado de Jalisco, em 27 de abril de 1878 no seio de uma família de classe média.
Seus pais tinham uma mercearia e sempre davam alguma coisa para as pessoas, ninguém
saía de mãos vazias do local. Isto acabou influenciando a pequena Maria, que desde
pequena “caracterizou-se pela caridade”, disse a religiosa Rosalba Hernández, da Congregação
das Servas de Santa Margarida Maria e dos Pobres, da qual Maria foi co-fundadora.
Seu
conselho para as irmãs da congregação – acrescentou a religiosa – sempre foi o de
“estarem com quem sofria, de chorar com quem chorava e de consolar a quem estava triste”.
“Ela se santificou pelas coisas comuns que ia fazendo diariamente. Não foi alguém
que teve revelações ou aparições ou grandes escritos, mas sim, foi caracterizada por
sua sensibilidade e sua caridade”, explicou.
De acordo com a imagem da religiosa
divulgada nesta quinta-feira pelo Episcopado mexicano, a jovem ‘bonita e simpática’
que tornou-se Madre Lupita, estava prometida em matrimônio aos 23 anos, porém decidiu
consagrar-se ao serviço dos enfermos e dos pobres.
A religiosa conversou com
seu Diretor espiritual, Padre Cipriano Iñiguez, confiando a ele que sentia o chamado
de Deus para fundar uma congregação religiosa. E foi assim que ambos fundaram a comunidade
das Servas de santa Margarida Maria.
A irmã Hernández contou que as irmãs da
congregação viveram tempos muito difíceis, especialmente durante a “Guerra Cristera”,
de 1926 a 1929, quando aconteceu um conflito armado entre o Governo mexicano e milícias
que resistiram às políticas orientadas a limitar o poder da Igreja católica.
As
irmãs tiveram que trocar seus hábitos por trajes civis para atender os soldados, que
usaram como quartel o Hospital de Santa Margarita, em Guadalajara, onde foi fundada
a congregação. “Os soldados buscavam os sacerdotes para matá-los, porém nossa madre
foi uma mulher valente junto com as irmãs. Não abandonaram sua vocação por medo”,
observou a religiosa.
Ela acrescentou que os militares submetiam as monjas
a muitas restrições, porém quando se deram conta de que já não havia alimentos para
sustentar os enfermos do hospital, permitiram às religiosas sair à rua para pedir
esmola e buscar comida.
A Madre Lupíta arriscou sua vida ao esconder no hospital
alguns sacerdotes, incluindo o Arcebispo de Guadalajara Francisco Orozco Y Jiménez.
“Por
outro lado, as religiosas davam comida aos soldados perseguidores e cuidavam de suas
feridas; este foi o motivo para que os soldados que estavam aquartelados próximos
ao hospital não somente não molestavam as irmãs, mas acabaram defendendo-as, e também
os enfermos”, explicou a religiosa.
Sob a sua direção, as Servas de Santa Margarita
Maria e dos Pobres abriram 11 fundações na República Mexicana. Atualmente contam com
22 casas no México, Peru, Islândia, Grécia e Itália.
A religiosa faleceu em
24 de junho de 1963 em Guadalajara, aos 85 anos. No momento em que se soube de sua
morte, uma multidão reuniu-se no hospital, porque já a consideravam santa, informou
o Episcopado mexicano.
O Papa Bento XVI aprovou em dezembro do ano passado
a canonização da monja, que havia sido beatificada por João Paulo II, em 2004. Ela
passará a fazer parte do Catálogo dos Santos pela oração da Igreja sob o pontificado
Papa Francisco. (JE)