2013-05-09 15:45:08

Viver em Igreja


Sem Cristo, a Igreja seria apenas uma ONG". Estas palavras do Papa Francisco durante a Missa que ele celebrou com os Cardeais depois da sua eleição, tocaram a muitas pessoas levando-as a repensar e redimensionar as visões preconceituosas que alguns têm da Igreja.

Com efeito, embora o Papa emérito Bento XVI tenha insistido na centralidade de Cristo no seio da sua Igreja, viu-se durante o período da sede vacante e do conclave, quanto a eleição de um Papa foi semelhante, particularmente nos meios de comunicação, à de
uma organização internacional como as Nações Unidas ou a União Africana, onde critérios de selecção são muitas vezes de natureza da filiação continental ou regional, colocando na sombra a própria essência da Igreja que, segundo a origem etimológica da palavra, significa a assembleia dos crentes.

Nela, Deus "convoca" o seu povo de todos os confins da terra. Como bem sublinhado no Catecismo da Igreja Católica, o Povo de Deus difere de todos os grupos étnicos, políticos ou culturais da história porque não pertence por natureza a nenhum povo. Deus constituiu para si um povo daqueles que outrora não eram um povo. Isto parece ir para além de qualquer discurso humano sobre o critério da filiação geográfica ou racial dos seus ministros.

Além disso, depois da eleição do Papa Francisco, a conferência de imprensa realizada pelo Cardeal americano Timothy Dolan era para esclarecer este ponto; a escolha dos Cardeais, iluminados pelo Espírito Santo, levou a "uma figura da unidade de todos os católicos, independentemente do lugar onde eles residem, e a um Papa que reflecte melhor as necessidades da Igreja e dos católicos de hoje”.

Antes mesmo da entrada no Conclave, as congregações gerais de preparação e a homilia da Missa "PRO ELIGENDO ROMANO PONTEFICE" baseiam-se na análise do contexto em que a Igreja é chamada a proclamar Cristo, para discernir o perfil daquele que melhor pode responder a estes desafios.

As primeiras palavras que o Papa Francisco pronunciou para se apresentar foram: o Bispo de Roma, uma igreja particular que preside na caridade à Igreja universal na sua qualidade de sede de Pedro. Enfatizando o seu papel de Bispo de Roma, o Papa Francisco indicava ao mesmo tempo a universalidade da Igreja Católica porque, como o Catecismo nos ensina, citando Santo Inácio de Antioquia, que as Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma", que preside na caridade". É a Igreja de Roma que, como sede de Pedro, tem o papel de permitir a todas as outras Igrejas de se encontrar, de se unir e estar em comunhão umas com as outras.

E o seu bispo, como sucessor de Pedro, preside esta caridade como bispo entre os outros bispos, como ele sucessores dos apóstolos, formando assim a colegialidade episcopal, mas ele tem a particularidade de ser o sucessor pessoal de São Pedro, o apóstolo a quem Jesus confiou uma responsabilidade especial para toda a Igreja. Esta colegialidade reflecte-se de modo especial pela solidariedade concreta entre as igrejas, solidariedade presidida pelo sucessor de Pedro.

O Catecismo da Igreja entende por Igreja particular, que é antes de tudo a Diocese, uma comunidade de fiéis cristãos em comunhão na fé e nos sacramentos com o seu Bispo ordenado na sucessão apostólica. Estas Igrejas particulares podem portanto ser jovens ou velhas, consoante a sua data de criação; algumas delas beneficiam, aliás, de um estatuto especial, como a Igreja de Roma, sede do Sucessor de Pedro ou a Igreja antiga da Terra Santa, para a qual todos os cristãos são chamados a fazer um gesto de solidariedade na sexta-feira santa.

No entanto, o Catecismo também nos lembra que a Igreja universal não deve ser entendida como uma simples soma ou federação de Igrejas particulares. É por vocação e missão, enraizadas numa variedade de terrenos culturais, sociais e humanos, tomando em cada parte do mundo aspectos e formas de expressão diversos, que se manifesta a universalidade na diversidade da Comunidade dos crentes".

Assim, a unidade do corpo não suprime a diversidade dos membros: "Na edificação do corpo de Cristo reina uma diversidade de membros e de funções A unidade do Corpo místico produz e estimula entre os fiéis a caridade; ela é vitoriosa sobre todas as divisões humanas: "Todos vós, de facto, que fostes baptizados em Cristo vos revestistes de Cristo; não há judeu nem grego, não há escravo nem homem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gál 3, 27-28).

Marie José Muando Buabualo
Redacção Francesa para África











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