Rio de Janeiro (RV) - Iniciamos o mês de maio, dedicado à Bem Aventurada Virgem
Maria. Tivemos a alegria de ter aqui no Rio de Janeiro o primeiro seminário para refletir
sobre trabalho e trabalhador: a agenda social do trabalho! As conclusões serão levadas
às nossas autoridades. Porém, neste mês, muitas alegrias se descortinam em nosso coração:
a celebração das mães, no segundo domingo; a festa de Nossa Senhora de Fátima, que
neste ano para mim tem um especial significado, porque estarei em Fátima a convite
do Senhor Bispo de Leiria-Fátima, para presidir as solenidades do dia 13 de maio,
quando, a pedido do próprio Papa Francisco, iremos consagrar o seu Pontificado à Materna
Proteção da Virgem que, através dos pastorinhos, convoca a todos para a conversão
do seguimento de Jesus Cristo. Como não lembrar, neste mês mariano, das coroações
de Nossa Senhora e dos apelos do Santo Padre para a oração do rosário em família?
Ainda teremos as solenidades da Ascensão e Pentecostes, a Novena de Pentecostes, a
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e o Dia Mundial das Comunicações Sociais.
O
tempo urge e a Jornada Mundial da Juventude já está a semanas de acontecer aqui no
Rio de Janeiro. Também colocamos a intenção de consagrar toda a JMJ, seus jovens,
colaboradores, organizadores a Maria, para que interceda por todos e nos ensine a
dizer “sim ao Senhor para que o seu plano de amor e salvação se cumpra em nossas vidas”.
Toda
a vida de Maria, de cujo seio se desprendeu e brilhou “a Luz que ilumina todo o homem
que vem a este mundo”(Io. 1, 9) se desenrola em comunhão íntima com Jesus: “Levando,
na terra, uma vida semelhante à do comum dos homens, cheia de cuidados domésticos
e de trabalhos, Ela a todo o momento se mantinha unida a Seu Filho” (, 4), permanecendo
na intimidade com o mistério do Redentor. Ao longo desse caminho de colaboração na
obra redentora, a sua própria maternidade “veio a conhecer uma transformação singular,
sendo cada vez mais cumulada de "caridade ardente" para com todos aqueles a quem se
destinava a missão de Cristo”(, 39) e para os quais e no Qual, se vê consagrada Mãe,
aos pés da cruz: “Eis o teu filho”! Deste modo, tendo Ela gerado Cristo, Cabeça do
Corpo Místico, deveria também gerar os membros do mesmo Corpo. Por isso “Maria abraça,
com a sua nova maternidade no Espírito, todos e cada um dos homens na Igreja; e abraça
também todos e cada um mediante a Igreja” (, 47). A Igreja, por sua vez, não cessa
de lhos consagrar.
A mensagem de Fátima é cheia de esperança, exigente e ao
mesmo tempo confortadora, anunciada a todos os homens e mulheres de boa vontade, particularmente
num mundo violento que clama por paz e por justiça. É centrada na oração, na penitência
e na conversão, que se projeta para além das ameaças, perigos e horrores da história,
para convidar o homem a ter confiança na ação de Deus, a cultivar a grande boa Esperança,
a fazer experiência da graça do Senhor para se enamorar d'Ele, fonte do amor e da
paz.
Vivemos dias de grande violência urbana: assistimos atônitos ao desrespeito
para com as pessoas. Casas são invadidas por criminosos que não respeitam mais a vida
humana. Crianças e idosos não são mais respeitados. Mata-se pelo simples gosto de
"vingar" quando não há produto lucrativo dos roubos nas residências, e também no comércio,
ou seja, em nossos trabalhos. Maria Santíssima nos traz uma mensagem de paz, de confiança
inabalável em Deus, em primeiro lugar, para que possamos abrir nossos corações para
uma conversão muito profunda. Uma conversão de mudança de mentalidade: o povo brasileiro
sempre respeitou a família. O povo brasileiro sempre amou as crianças, como Jesus.
Nossa gente sempre respeitou a terceira e melhor idade. O grande problema da violência
reside não na diminuição da maioridade penal, mas na revalorização da família. Nossos
casais não devem ter medo da maternidade, de constituírem famílias numerosas. Somente
dentro de um lar, alicerçado sob os valores do Evangelho, é que educaremos a juventude
para os valores de Deus, para a cidadania, para a solidariedade, para a justiça e
para o respeito à vida, como primado principal do Filho de Deus e do cidadão.
Nesse
sentido, Maria nos ensina pela sua verdadeira devoção à imitação das suas virtudes,
que Ela nos conduz sempre a Jesus. Por isso, o saudoso Papa Paulo VI nos ensinou que:
“Porém, nem a graça do Redentor divino, nem a intercessão poderosa da Sua Mãe e nossa
Mãe espiritual, nem a sua excelsa santidade poderiam conduzir-nos ao porto da salvação,
se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo
e a Virgem Santa com a devota imitação das suas sublimes virtudes. É, pois, dever
de todos os cristãos imitar com espírito reverente os exemplos de bondade que lhes
foram deixados pela Mãe do Céu. É esta, veneráveis Irmãos, a outra verdade sobre a
qual nos agrada chamar a vossa atenção e a dos filhos confiados aos vossos cuidados
pastorais, para que eles aceitem favoravelmente a exortação dos Padres do Concílio
Vaticano II: 'Recordem-se os fiéis de que a devoção autêntica não consiste em sentimentalismo
estéril e passageiro ou em vã credulidade, mas procede da fé verdadeira que nos leva
a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita a um amor filial para com a
nossa Mãe, e à imitação das suas virtudes'. É a imitação de Jesus Cristo, indubitavelmente,
o régio caminho a percorrer para chegar à santidade absoluta do Pai celeste. Mas,
se a Igreja Católica sempre proclamou esta verdade tão sacrossanta, também afirmou
que a imitação da Virgem Maria, longe de afastar as almas do fiel seguimento de Cristo,
o torna mais amável, mais fácil; na verdade, havendo Ela cumprido sempre a vontade
de Deus, mereceu em primeiro lugar o elogio que Jesus Cristo dirige aos discípulos:
'Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é que é meu irmão,
minha irmã e minha mãe' (Mt 12,50)” (cf. Signum Magnum, 8).
A devoção mariana,
particularmente pela recitação do Rosário em nossas famílias, em nossas comunidades,
em nossas paróquias e em nossos trabalhos nos ajudará, neste mês abençoado, a nos
colocarmos na escola de Maria, que nos ensina a fazer sempre a vontade de Jesus. Os
mistérios contemplados no Rosário são de Jesus. A repetição das Ave-Marias é um modo
contemplativo de estar com Maria a meditar nos mistérios de nossa salvação, porque
o Rosário Mariano é completamente cristológico.
Maria Santíssima nos ensina
a sempre fazer a vontade de Jesus. Por isso, neste mês vamos valorizar a recitação
do Terço em família e nas nossas comunidades. Convido todos a fazerem peregrinação
paroquial, de grupos, familiares, ou pessoais aos nossos Santuários marianos de Nossa
Senhora da Penha e de Nossa Senhora de Fátima, ganhando as graças necessárias
adjuntas ao Ano da Fé.
Ser filho devoto de Maria nos educa a fazer a vontade
de Deus e a rezar nas necessidades da Igreja, pelo êxito da JMJ, da qual a Virgem
Aparecida é nossa padroeira, e rezar para todos os que procuram a paz para testemunhar
Jesus no mundo.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das
promessas de Cristo! Amém, Aleluia! Bom mês de maio, rosários nas mãos, pés no chão
e olhos para o céu!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano
de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ