Cidade do Vaticano (RV) – Moradores próximos
ao Vaticano se perguntam? “O que está acontecendo no Vaticano?” “De onde vem tanta
gente”?. O motivo dessas perguntas é o fluxo de fiéis e peregrinos que nos domingos
e quartas-feiras está provocando um caos na circulação ao redor da Cidade do Vaticano,
chegando inclusive a fechar a famosa “Via della Conciliazione” que dá acesso à Praça
São Pedro. Nesta semana o Cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone cunhou uma
frase interessante: “cada domingo, cada quarta-feira – observou – se assemelha a um
domingo de Páscoa na Praça São Pedro, é uma coisa extraordinária e maravilhosa”. Assemelha-se
porque na Páscoa sempre foi característica a presença de milhares de fiéis que invadem
a Praça e os arredores do Vaticano. O motivo é simples: Papa Francisco, um homem
que “veio do fim do mundo” e que está conquistando o mundo. Mas quem são essas pessoas
que invadem Roma, principalmente a Praça São Pedro, pacificamente, para ver e ouvir
Francisco. São crianças, jovens, adultos e idosos. Todas as idades se fazem presente
nos encontros com o Sucessor de Pedro, e todas as idades se sentem tocadas pelas palavras
deste Pastor que conhece “o cheiro de suas ovelhas”, que como o “pároco do mundo”,
sente a necessidade de tocar os corações das pessoas e dizer-lhes que Deus é amor,
é misericórdia, que os ama, e que espera um chamado para fazer morada em seus corações.
Um Papa que também sente a necessidade de tocar fisicamente o Povo de Deus, que sedento
da Palavra que salva, vem até Roma em busca daquele algo mais, que Papa Francisco
neste momento está fornecendo. No meio de toda a multidão alguém chega afirmar, “parece
que o Papa dirige o seu olhar só para mim”, e a emoção que brota de vê-lo tão próximo
é algo que não conseguem descrever, talvez, em alguns casos só as lágrimas podem concretizar
o que o coração sente. E nesses encontros, que exercem uma forte atração nos fiéis,
não são poucos aqueles que se deixam transformar pelas palavras e gestos de Francisco,
sobretudo os jovens que cada vez mais se fazem presentes na Praça São Pedro. Junto
com o que está ocorrendo no lado de fora do Vaticano, dentro dos muros, aqueles que
ajudam no dia a dia no governo da Igreja também se interrogam sobre a real dimensão
desse início de Papado. Nos dias passados, quando Papa Francisco completou o seu primeiro
mês de Pontificado muitos voltaram analisar os seus gestos, principalmente de “renúncia
a tudo aquilo que possa relacionar a Cúria Romana a uma corte imperial”: essa foi
um expressão usada pelo Presidente emérito do Pontifício Conselho para a Unidade dos
Cristãos, Cardeal Walter Kasper. Para o Cardeal, “até o momento, foram apenas sinais,
mas sinais que trazem esperança. Existe uma visão de esperança para a Igreja”. “Por
outro lado, não sejamos ingênuos. O Evangelho sempre encontrará oposição, assim, estou
certo – afirmou- que logo este Papa será alvo de ataques”. Muitos comparam esse
momento de Papa Francisco com a lua de mel, do amor apaixonado, forte, de dedicação,
que poderá no futuro acabar. Não creio que essa leitura seja justa e verdadeira, pois
o momento vivido por Francisco não é um momento isolado e construído nos últimos 30-40
dias, mas sim é fruto de uma vida de pastor que o levou a todos os lugares marginais
da sua arquidiocese de Buenos Aires, onde encontrou os deserdados, os humilhados,
os últimos, e através desse contato proclamou o Evangelho da caridade, o mesmo Evangelho
que hoje na belíssima Praça São Pedro ele comunica; e comunica com gestos e palavras
fortes. Desde o primeiro momento de seu Pontificado ele pediu para todos, abaixando
a cabeça, a nossa oração. Toca agora a todos nós, rezarmos pelo nosso pastor, por
esse homem gentil e humilde, para que o Senhor o conserve, e que seu coração jesuíta-franciscano,
de missionário e humilde, continue batendo por aqueles que não têm vez nem voz. Temos
um novo sopro do Espírito que chega a todos os confins da terra, até o fim do mundo.
(Silvonei José)