O minarete da mesquita Omíada em Alepo, uma das jóias da histórica cidade no Norte
da Síria, desmoronou-se nesta quarta-feira, desencadeando uma troca de acusações entre
os rebeldes e o Governo sírios sobre quem provocou o desabamento. A notícia de
mais um atentado contra o património histórico do país foi avançada pelo Observatório
Sírio dos Direitos Humanos, citado pelo jornal Público e, pouco depois, fotografias
começaram a circular na Internet mostrando a torre usada pelo muezzin para chamar
os fiéis à oração reduzida a um monte de escombros. Erguida no século VIII e reconstruída
500 anos depois, a mesquita Omíada guarda relíquias que se dizem ter pertencido ao
profeta Maomé e é uma das jóias da cidade antiga de Alepo, classificada pela Unesco
como património da humanidade. Apesar da classificação, a zona não tem sido poupada
aos violentos combates que desde o último Verão destruíram parte de Alepo, a maior
cidade da Síria, e ainda em Outubro a UNESCO lançou um apelo aos beligerantes para
que protegessem a mesquita, que descreve como “uma das mais bonitas do mundo muçulmano”.
Também na província de Alepo dois bispos das Igrejas ortodoxas síria e grega foram
sequestrados na segunda-feira, dia 22 como anunciou a agência oficial de notícias
síria Sana. Já no início de fevereiro, dois padres foram sequestrados por homens armados
no sul de Aleppo. Os padres Michel Kayyal, armênio católico, e Maher Mahfuz, greco-ortodox
dos quais não se têm notícias desde que veículo em que viajavam rumo a Damasco foi
interceptado por milicianos. A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou uma nota
de imprensa e o próprio Papa Francisco se referiu ao sucedido no final da audiência
geral:
“O sequestro dos metropolitas grego-ortodoxo e sírio-ortodoxo de Alepo
de cuja libertação existem notícias contrastantes, é mais um sinal da trágica situação
que está atravessando a querida nação síria, onde a violência e as armas continuam
a semear a morte e o sofrimento. Enquanto por um lado recordo na oração os dois Bispos
para que em breve regressem às suas comunidades, peço a Deus para que ilumine os corações.
Renovo o premente apelo que fiz no dia de Páscoa para que cesse o derramamento de
sangue, se preste a assistência humanitária necessária à população e se encontre quanto
antes uma solução política para a crise”.