2013-04-20 19:10:10

Rezemos pelas vocações


Rio de Janeiro (RV*) - No quinquagésimo Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado neste IV Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2013, a mensagem papal nos convida a refletir sobre o tema «As vocações sinal da esperança fundada na fé», “que bem se integra no contexto do Ano da Fé e no cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II”. É um dia especial para nós, pois chegam ao Estado do Rio de Janeiro os símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora. É também para mim uma época que recordo tanto a minha ordenação episcopal como também o início do meu ministério na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Este domingo nos apresenta a figura do Bom Pastor, que São João nos deixou no capítulo décimo do seu evangelho. Repleto de significado pascal, a figura do Bom Pastor conhece as suas ovelhas e o Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas (Jo. 10, 11). Sabemos que estas palavras foram de novo confirmadas durante a paixão. Cristo ofereceu a Sua vida na Cruz. E fê-lo com o amor. Sobretudo, desejou corresponder ao amor do Pai, que amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3, 16). Cumprindo «este mandamento recebido do Pai" (Cf. Jo. 10, 18) e revelando o Seu amor. Afirma-o no mesmo discurso, quando diz: Por isto o Pai Me ama: porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la (Jo. 10, 17). Ninguém ma tira (a vida); sou eu que a dou por mim mesmo. Tenho poder para dá-la e para retomá-la (Jo. 10, 18). Estas profundas palavras referem-se evidentemente à Ressurreição, e exprimem toda a profundidade do mistério pascal.

Nosso Senhor Jesus é Bom Pastor porque dá a Sua vida ao Pai deste modo: entregando-a em sacrifício, oferece-a pelas ovelhas. Jesus revelou esse aspecto do amor do Bom Pastor: oferecer a vida pelas ovelhas.

A imagem do Pastor e do rebanho era familiar à experiência dos Seus ouvintes, como não deixa de ser familiar à mentalidade do homem contemporâneo. Mesmo com o avanço cibernético, esta imagem continua ainda a ser atual no mundo hodierno. Os pastores levam as ovelhas aos pastos e lá ficam com elas durante o verão. Acompanham-nas nos deslocamentos e guardam-nas para que não se tresmalhem. De modo especial defendem-nas dos animais selvagens, pois “o lobo arrebata e dispersa as ovelhas” (Jo. 10, 12).

O Bom Pastor, segundo as palavras de Cristo, é precisamente aquele que, "vendo vir o lobo", não foge, mas está pronto a expor a própria vida, lutando com o ladrão a fim de que nenhuma das ovelhas se perca. Se não estivesse pronto a isto, não seria digno do nome de Bom Pastor. Seria mercenário, mas não Pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas (Jo. 10, 11).

A Igreja é chamada a realizar este mistério, que sempre se está a atuar entre Cristo e o homem: o mistério do Bom Pastor, que oferece a Sua vida pelas ovelhas. A Igreja, que é o Povo de Deus, é, ao mesmo tempo, realidade histórica e social, em que este mistério continuamente, e de diversos modos, se renova e realiza. E homens diversos têm a sua parte ativa nesta solicitude pela salvação do mundo, pela santificação do próximo, que é e não deixa de ser a solicitude própria de Cristo crucificado e ressuscitado. Esta solicitude pastoral é, de modo especial, a vocação dos pastores: presbíteros e bispos.

Por isso, neste domingo do Bom Pastor, após cinquenta anos da criação do Dia Mundial de Orações pelas Vocações, somos chamados a uma animação ainda maior da Pastoral Vocacional e dos Ministérios Ordenados. Para a eficiente e consoladora solução do problema das vocações, a Comunidade cristã é chamada a orar; orar muito, com confiança e perseverança, não deixando, por outro lado, de promover convenientes iniciativas pastorais, e de oferecer, especialmente por meio das almas consagradas, um testemunho luminoso de vida, vivida em fidelidade à divina vocação. Rezemos insistentemente para despertar a divina chamada no coração de muitos jovens e em outras almas nobres e generosas, para mover os hesitantes a uma decisão, e manter na perseverança aqueles que fizeram a sua escolha, dedicando-se ao serviço de Deus e dos próprios irmãos. Deus conceda a todos compreenderem plenamente que a presença, a qualidade, o número e a fidelidade das Vocações constituem sinal da presença viva e operante da Igreja no mundo e motivo de esperança para o seu futuro.
Neste ano da Juventude e da Fé, em particular para a Igreja do Rio de Janeiro, dirijo, por fim, um apelo especial e cordial aos jovens. Caros amigos, olhai para a figura do Bom Pastor — ideal de luz, de vida e de amor e – ao mesmo tempo, considerai que a nossa época tem necessidade de recuperar estes ideais. Se Cristo olha para vós com vistas de predileção, se vos escolhe e vos chama a serdes Seus colaboradores, não hesiteis um momento em dizer — à imitação da Virgem Santíssima ao Anjo — o vosso generoso "Sim". Não vos arrependereis; a vossa alegria será verdadeira e completa, e a vossa vida aparecerá rica de frutos e de méritos, porque vos tornareis com Ele e por Ele mensageiros de paz, realizadores do bem e colaboradores de Deus na salvação do mundo.

Impossível não recordar as Palavras do Papa Francisco na Quinta-feira Santa dirigida aos sacerdotes: “isto vo-lo peço: sede pastores com o «cheiro das ovelhas», que se sinta este –, serem pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens”, recordando ainda: “Deus Pai renove em nós o Espírito de Santidade com que fomos ungidos, o renove no nosso coração de tal modo que a unção chegue a todos, mesmo nas «periferias» onde o nosso povo fiel mais a aguarda e aprecia. Que o nosso povo sinta que somos discípulos do Senhor, sinta que estamos revestidos com os seus nomes e não procuramos outra identidade; e que ele possa receber, através das nossas palavras e obras, este óleo da alegria que nos veio trazer Jesus, o Ungido”.

A conclusão da mensagem papal para esta jornada de orações nos situa no clima da JMJ que estamos a preparar: “Desejo que os jovens, no meio de tantas propostas superficiais e efêmeras, saibam cultivar a atração pelos valores, as metas altas, as opções radicais por um serviço aos outros, seguindo os passos de Jesus. Amados jovens, não tenhais medo de segui-Lo e de percorrer os caminhos exigentes e corajosos da caridade e do compromisso generoso. Sereis felizes por servir, sereis testemunhas daquela alegria que o mundo não pode dar, sereis chamas vivas de um amor infinito e eterno, aprendereis a «dar a razão da vossa esperança» (1 Ped 3,15).

Que a exemplo de nosso Bom Pastor, Cristo Senhor, possamos continuar a ver tantos jovens que, devido à experiência cristã, se entregam ao serviço do reino como consagrados e, portanto, dando suas vidas para que as ovelhas possam estar e adentrar no aprisco do Senhor!

* † Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ








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