Como a Sala de Imprensa vaticana trabalha com o 'estilo Francisco'. Quem explica é
Pe. Lombardi.
Cidade do Vaticano – Ao receber o Prêmio de ‘Comunicador do Ano’ na tarde desta
quinta-feira, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, falou
aos jornalistas sobre como a Sala de Imprensa da Santa Sé trabalha com o ‘estilo Francisco’
de relacionar-se com as pessoas e com a agenda.
O sacerdote jesuíta, que também
é Diretor da Rádio Vaticano, sublinhou que cada Pontífice tem o seu modo de trabalhar,
e que a espontaneidade e agilidade de Francisco agradam a todos, “antes de tudo a
mim”. O Papa Francisco - explicou -, tem “um estilo comunicativo novo e imediato.
Pega o telefone e chama”, e isto não chega a mim através da estrutura. “Isto é muito
bonito, tem um sentido de novidade, criatividade e espontaneidade. Mas, naturalmente,
eu devo aprender qual a melhor forma de trabalhar com este novo estilo”.
Cada
Papa tem o seu próprio estilo. “Bento XVI – explicou Lombardi – trabalhava bem diferente
do Papa Wojtyla, muito integrado ao sistema da Secretaria do Estado”. “Em relação
a Bergoglio, estamos atentos em ver como se movimenta, e, está claro que é muito diferente”,
afirmou.
Para o sacerdote jesuíta, entender como comunicar o Vaticano, independente
do Papa, é uma questão complexa: “Existem comunicações que vem de cima, decisões para
comunicar à imprensa com explicações e comentários, ou às vezes, recebemos perguntas
dos jornalistas. É necessário entender a qual interlocutor dirigir-se”.
A Sala
de Imprensa da Santa Sé não é uma ‘porta-voz’ do Papa, mas uma ‘porta aberta ao diálogo
com a imprensa’, afirmou Lombardi. “Estou contente que nestes últimos meses pude informar
e falar de coisas bonitas e interessantes, enquanto nos anos passados, por exemplo,
sobre os abusos sexuais, foi muito mais difícil”.
No Conclave e no pré-Conclave,
Padre Lombardi viu uma “boa ocasião de dar informações e uma grande comunidade” de
pessoas, obviamente não todos católicos nem todos especialistas em questões religiosas.
E “ainda hoje colhemos os frutos disto: se desenvolveram relações muito boas com os
jornalistas, uma conexão cotidiana com o mundo, que libera pequenas informações muito
concretas, porém úteis”. A Sala de Imprensa da Santa Sé tem seus contatos em todo
o mundo, nas instituições civis e, naturalmente, nos diversos setores vaticanos. Com
o impacto da internet e do fluxo de notícias 24 horas, teve que se reorganizar.
A
propósito do Conclave, Padre Lombardi recordou como tenha convidado - a quem lhe pedira
para enviar um SMS com o nome do novo Papa assim que o soubesse -, a viver “o suspense
com o povo de Deus, que espera escutar o nome pronunciado pelo proto-diácono. As pessoas
tem necessidade desta experiência e tirar isto delas não é um bom serviço”. “Eu tentei
fazer entender aos jornalistas – observou -, que nem sempre antecipar é o melhor caminho
para fazer comunicação e quando se procura chegar antes, às vezes se comete um erro,
ou mesmo, um grande erro”.
Sobre o prêmio recebido, Lombardi disse: “agradeço,
me sinto interpretado nas intenções, mas sobretudo nos resultados”. A idéia de comunicação
como serviço que Lombardi encarna, está de acordo com o estilo de Papa Francisco.